Autoridades húngaras reduziram, esta sexta-feira (8), o nível de ameaça da desastrosa poluição do rio Danúbio provocada por um acidente industrial na Hungria, enquanto o premier disse que a situação está sob controle.
O número de mortos da catástrofe, ocorrida na segunda-feira (4), subiu para sete, disseram as autoridades, e uma pessoa ainda está desaparecida.
O primeiro-ministro Viktor Orban, que declarou estado de emergência em três condados no início da semana, insistiu em que há pouco risco de que a contaminação atinja o rio Danúbio, o segundo maior da Europa.
“A boa notícia é que conseguimos colocar sob controle e muito provavelmente as águas danosas ao meio ambiente não chegarão ao rio Danúbio, mesmo em território húngaro”, disse Orban, durante visita à vizinha Bulgária.
O secretário de Estado de Meio Ambiente Zoltan Illes também insistiu em que a poluição “não chegará ao baixo Danúbio”.
Ele elogiou as equipes de emergência – que têm lançado, de aviões, gesso e ácido no Danúbio e seus afluentes para neutralizar os efeitos alcaninos da lama tóxica – para “evitar os metais pesados e alcalinos de viajar rio abaixo”.
A lama tóxica, resíduo de uma fábrica de processamento de alumínio no oeste da Hungria, vazou de um reservatório na segunda-feira, afetou cidades e acabou com a vida no pequeno rio Marcal.
Peixes mortos também foram vistos boiando no Danúbio na quinta-feira, mas autoridades ambientais disseram esta sexta que as amostras de qualidade da água eram próximas do normal no rio.
Na tarde de sexta-feira, os níveis de alcalinidade demonstraram uma leitura de pH 8,3 em Komarom, cerca de 80 km a oeste de Budapeste, um índice menor do que o detectado no início do dia, segundo Jyorjyi Tottos, porta-voz dos serviços de emergência.
O nível, segundo ela, foi levemente superior ao normal e não é danoso ao meio ambiente.
A alcalinidade é um critério de medição da contaminação do rio. Numa escala de 1-14, os valores de pH de 1-6 são considerados ácidos; de 6 a 8, neutros; e de 8-14, alcalinos.
As autoridades disseram esperar que a limpeza em duas das cidades mais atingidas – Kolontar e Devecser – termine na próxima semana. Mas, grupos ambientalistas alertaram para as consequências de longo prazo do desastre.
Em Viena, o grupo Greenpeace disse ter encontrado “níveis surpreendentemente altos” de arsênico e mercúrio na lama vermelha cáustica e malcheirosa que vazou do reservatório em Ajka, 160 km a oeste de Budadpeste.
“Nós encontramos níveis de arsênico, mercúrio e cromo, e o nível de arsênico, especialmente, foi o dobro do que esperávamos, o dobro inclusive ao contido nesta lama vermelha”, disse o químico e ativista da organização, Herwig Schuster.
Ele alertou que níveis excessivos de mercúrio podem ser absorvidos pelos peixes e, assim, entrar na cadeia alimentar.
Se o arsênico, em particular, entrar em contato com o lençol freático ou a água potável, “isto poderá causar um sério problema para a região. O arsênico é muito tóxico e causa danos ao sistema nervoso”, explicou.
A poluição já varreu toda a vida no rio Marcal e especialistas alertam que será preciso até cinco anos para este corpo hídrico se recuperar.
O grupo de defesa do meio ambiente Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alertou para uma “série de outros desastres esperando para acontecer”, todos ao longo da bacia do Danúbio.
A Hungria sozinha tem outros dois reservatórios armazenando lama vermelha de toxicidade e alcalinidade similares às da que provocou a catástrofe. Um deles, segundo o WWF, contém os resíduos de uma usina de processamento de bauxita em Almasfuzito, a 80 km de Budapeste.
Sérvia, Croácia e Romênia anunciaram que estão monitorando o rio devido ao risco de contaminação da água potável.
Enquanto isso, na Eslováquia, do outro lado do Danúbio e próximo do local do vazamento, na Hungria, as autoridades disseram que não se preocupam atualmente com uma eventual contaminação em sua margem do rio.
“Por enquanto, não estamos preocupados. O governo húngaro tem tomado medidas e mesmo se alguma poluição chegar ao nosso território, será diluída pela água”, disse à AFP Michal Stefanek, porta-voz da agência de inspeção ambiental da Eslováquia. (Fonte: Yahoo!)