A temperatura global média subiu nos últimos 160 anos, mas as tendências de curto prazo na temperatura e no gelo marinho parecem estar em desacordo entre elas e precisam ser mais estudadas, disse o Centro Hadley do Escritório Meteorológico do Reino Unido.
Em relatório sobre as tendências climáticas de longo e curto prazo, o Centro Hadley constatou vários fatores que apontam para o aquecimento do mundo e disse que 2010 foi um dos anos mais quentes na história.
O relatório baseou-se no trabalho de mais de 20 instituições em todo o mundo, usando medições obtidas de satélites, balões meteorológicos, estações meteorológicas, bóias marítimas, navios e pesquisas de campo.
O estudo indicou aumento nas temperaturas do ar sobre a terra e o mar, aumentos na temperatura da água e da umidade, elevação do nível do mar e o encolhimento do gelo marinho do Ártico.
“A temperatura média ao longo da primeira década do século 21 foi consideravelmente mais quente que em qualquer década anterior do histórico instrumental, que se estende por 160 anos”, diz o relatório.
A despeito da variabilidade anual, sendo alguns anos mais quentes e outros mais frios, uma tendência clara de elevação da temperatura mundial pode ser observada a partir do final da década de 1970, com aumento de 0,16 graus por década, diz o relatório.
“As evidências obtidas com as observações, abrangendo uma grande gama de indicadores, são de que o mundo está se aquecendo”, disse Matt Palmer, especialista em observação oceanográfica no Escritório Meteorológico.
“Além de um aumento claro na temperatura do ar, verificado sobre o mar e a terra, temos observações que condizem com o aumento dos gases-estufa.”
Mas as tendências de curto prazo quanto à temperatura e ao gelo marítimo parecem divergir entre si. A velocidade do aumento de temperatura diminuiu nos últimos dez anos, ao mesmo tempo que o nível do gelo marítimo subiu.
Modelos climáticos sugerem que a variabilidade do sistema climático possa ser responsável pelo declínio recente na rapidez do aquecimento, diz o relatório.
Mudanças na atividade solar, no vapor de água, o aumento das emissões de aerossóis na Ásia e mudanças nas maneiras como a temperatura da superfície oceânica é medida ao longo dos últimos dez anos, tudo isso pode ter contribuído para parte do esfriamento artificial, diz o relatório.
“Prevemos que o aquecimento aumente nos próximos anos. Contudo, outros fatores externos futuros, como erupções vulcânicas ou mudanças na atividade solar, podem prolongar a atual redução no aquecimento”, diz o relatório.
São necessárias mais pesquisas sobre alguns dos fatores que influenciam as tendências climáticas de curto prazo, que não são plenamente compreendidas ou representadas nos modelos climáticos. (Fonte: Folha.com)