Um especialista em direitos humanos da ONU pediu nesta segunda-feira (29) que a cúpula do clima em Cancún (México) lance um “Plano Marshall Verde” agrícola para contrabalançar o impacto do aquecimento global sobre a pobreza e a fome.
“As negociações que começam hoje (segunda-feira,29), em Cancún, são cruciais para garantir o direito à alimentação a centenas de milhões de pessoas”, disse o relator especial sobre o Direito à Alimentação da ONU, Olivier de Schuetter.
“Cancún deveria liderar um ‘Plano Marshall Verde’ para a Agricultura”, acrescentou, alertando para o impacto “desastroso” das mudanças climáticas sobre a alimentação.
De Schuetter ressaltou que a agricultura é, ao mesmo tempo, vítima das mudanças nos padrões climáticos mundiais, e importante fonte de emissões de carbono, devido ao seu caráter intensivo e em escala industrial.
Cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) estimaram que as plantações dependentes de chuva poderiam ser reduzidas à metade entre 2000 e 2020, enquanto as regiões áridas e semiáridas avançariam entre 60 e 90 milhões de hectares.
Segundo o especialista da ONU, estes efeitos colocariam 600 milhões de pessoas a mais sob o risco da fome.
“Estas projeções são terríveis, mas as tentativas atuais de implementar a produção de comida com fertilizantes químicos e o desenvolvimento de plantações altamente mecanizadas em larga escala colocam a agricultura no caminho errado”, alertou de Schuetter.
Segundo ele, a agricultura é responsável diretamente por 14% das emissões antropogênicas (causadas pelo homem) de gases causadores do efeito estufa, aumentando em um terço o dióxido de carbono produzido pelo desmatamento para dar lugar a plantações e pastages.
De Schuetter sugeriu que um “Plano Marshall Verde” deveria ajudar a mudar o foco da agricultura em escala industrial para permitir uma produção de baixo carbono atrelada às necessidades de comunidades rurais e pequenos proprietários. (Fonte: G1)