O crescimento desordenado das cidades e o desmatamento, especialmente na Amazônia brasileira, são os principais problemas ambientais da América Latina, onde a maioria das geleiras pode desaparecer em 20 anos, adverte o primeiro atlas ambiental da região, elaborado pela ONU e divulgado nesta segunda-feira (13) no Panamá.
“A falta de planejamento e o crescimento urbano desproporcional são os principais problemas ambientais na América Latina”, disse à AFP Graciela Metternicht, coordenadora do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) para a América Latina.
Segundo os especialistas, 8 em cada 10 latino-americanos moram em cidades, o que faz com que haja muitas construções em áreas vulneráveis aos efeitos climáticos, como chuvas, furacões e terremotos.
De acordo com este documento, sete países do Caribe estão entre os mais propensos do mundo a sofrer algum desastre natural, resultante do mau planejamento.
Além disso, segundo Metternicht, a superpopulação “provoca falta de serviços sanitários básicos, maus sistemas de transporte ou uma disposição inadequada dos dejetos que podem produzir efeitos secundários, como a contaminação atmosférica”.
A Costa Rica apresenta uma taxa de crescimento populacional e de desmatamento do Vale Central que está entre “as mais altas do mundo” e em El Salvador, 95% das águas residuais “são lançadas sem tratamento” e 90% da água apresenta “altos níveis de contaminação química e biológica”.
Além disso, por causa da concentração populacional e dos “padrões de consumo”, a Colômbia apresenta índices de contaminação na maior parte de sua água e o México passou de uma disponibilidade de 17 litros d’água por pessoa há meio século para 4 litros atualmente, de acordo com o documento.
“O desmatamento é outro dos grandes problemas na região e de alguma forma é consequência das atividades realizadas na cidade e da demanda por recursos de populações muito concentradas”, disse à AFP Silvia Giada, coordenadora do atlas.
A cada ano, a América Latina perde cerca de 43.500 quilômetros quadrados de florestas, uma área superior à superfície da Suíça.
No quesito desmatamento, a situação mais crítica se observa na América do Sul, especialmente na Amazônia brasileira, onde a cada ano continuam sendo destruídos 7.000 quilômetros quadrados de florestas.
Na Argentina, onde 80% das atividades produtivas são agrícolas, pecuaristas e florestais, mais de 60 milhões de hectares são sujeitos a processos de erosão.
No Equador, o desmatamento está provocando o desaparecimento de 140.000 a 300.000 hectares de florestas ao ano, especialmente na costa, onde se produziu “um dos casos mais dramáticos de extinção maciça de espécies”.
A desertificação afeta, atualmente, mais de 600 milhões de hectares.
O Pnuma advertiu, ainda, que a maioria das geleiras tropicais da região “terão derretido entre 2020 e 2030”, devido à alta das temperaturas provocada pelas mudanças climáticas.
No Chile, país com maior quantidade de geleiras (22.000 Km2), 87% apresentavam recuos evidentes, 7% se encontravam estáveis e apenas 6% delas apresentavam avanços.
“O atual modelo de desenvolvimento não está baseado no uso sustentável dos recursos”, disse Giada.
“É preciso reconsiderar os modelos de desenvolvimento que temos na região. A natureza não é a única culpada pelos desastres”, acrescentou Metternicht. (Fonte: Yahoo!)