Um novo estudo da Universidade de Cardiff (Reino Unido) descobriu a floresta mais antiga do mundo: com 385 milhões de anos, suas árvores podem ser a chave para os cientistas entenderem como os preciosos sistemas de raízes modernos surgiram.
Raízes
As raízes são uma parte vital para a sobrevivência da planta, uma vez que maximizam a capacidade fisiológica das árvores.
Segundo o paleobotânico Christopher Berry, um dos autores do novo estudo, “um sistema de enraizamento eficiente é a chave para uma árvore de sucesso”.
Mas como as raízes modernas evoluíram? E como se pareciam antes?
A floresta de milhões de anos de Cairo, no estado de Nova York, nos EUA, pode ter a resposta.
O local paleozoico antecede o surgimento de plantas produtoras de sementes, um grupo que inclui quase todas as árvores vivas. Também abriga os remanescentes de intrincados sistemas de raízes que têm uma estranha semelhança com os que existem hoje em dia.
Análise
Uma análise de sistemas de raízes fossilizados descobertos na floresta de Cairo parece indicar que as árvores encontraram sua estratégia de enraizamento ideal há muito tempo – e a têm mantido desde então.
Os fósseis exibem raízes eram robustas, ramificadas e intrincadas, “surpreendentemente modernas, essencialmente o que você veria no seu quintal agora”, conforme explica o principal autor do estudo, William Stein, paleobotânico da Universidade de Binghamton (EUA).
Tais raízes fossilizadas pertenciam ao gênero Archaeopteris, um que provavelmente levou à primeira “árvore moderna”.
Como os carvalhos e bordos de hoje, os Archaeopteris de ontem tinham folhas verdes ideais para absorver a luz solar e troncos grossos que ajudavam a planta a crescer. A terceira característica contemporânea de ouro é o sistema de raízes.
“Muitos desses recursos sinalizam uma taxa metabólica mais alta. E eles aparecem em Archaeopteris todos juntos, quase como um milagre”, disse Stein.
Bem melhor
A presença de uma árvore como Archaeopteris em Cairo foi uma surpresa para a equipe.
A apenas 40 quilômetros de distância, em Gilboa, a segunda floresta mais antiga conhecida é preenchida com uma planta do gênero Eospermatopteris, com folhas semelhantes a samambaias modernas, e troncos ocos e esponjosos.
As Eospermatopteris também aparecem em Cairo, sugerindo que eram uma planta comum na época. No entanto, suas bases eram cercadas por raízes rasas e finas que provavelmente viviam apenas um ano ou dois antes de serem substituídas. Ou seja, nada como a robusta rede de apoio das Archaeopteris.
Paisagem terrestre
Os pesquisadores não sabem o que levou as Archaeopteris a desenvolver esse conjunto de características importantes, mas creem que essa evolução iniciou uma mudança dramática no planeta milhões de anos atrás.
Coletivamente, florestas como essa devem ter remodelado toda a Terra: seus troncos lenhosos absorviam carbono do ar, antes de morrer e depositar moléculas no subsolo para fertilizar nova vida; suas folhas sombreavam o solo, protegendo animais dos raios implacáveis do sol; e suas raízes lutavam contra a terra, alterando sua química e lançando ácido carbônico em direção ao mar.
Drenada de dióxido de carbono, a atmosfera provavelmente esfriou muito, ajudando o planeta a entrar em um período prolongado de glaciação. Nesse momento, outras espécies surgiram e se diversificaram. “A chegada dessas florestas foi a criação do mundo moderno”, afirmou Berry.
Mudança climática
Enquanto a nova pesquisa é muito interessante, também lança uma perspectiva preocupante na mudança climática que estamos vivendo hoje.
Em todo o mundo, as florestas estão sendo cortadas, de forma que o oposto do que aconteceu no Devoniano está ocorrendo agora.
A lição é clara: mudanças radicais começam e terminam com as árvores, e é por isso que precisamos salvá-las.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Current Biology. [SmithsonianMag]
Fonte: Hypescience