No último dia 22, foi realizada a primeira reunião da “Rede de mudanças climáticas e ambientais do Pará: uma perspectiva de estudos integrados”. O encontro teve como meta apresentar os sub-projetos da Rede (RMCA) e os seus objetivos para os próximos anos, buscando pontos comuns entre os mesmos de formar a tornar possível a interdisciplinaridade proposta pela RMCA.
O projeto reúne pesquisadores das universidades Federal e Estadual do Pará, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e tem como objetivo construir uma rede integrada de pesquisas interdisciplinares que possa atuar em no desenvolvimento acadêmico, científico e tecnológico da área temática de mudanças climáticas globais e regionais.
Assim, vários foram os sub-projetos apresentados e discutidos nesse primeiro encontro da Rede, que estudar foco dos manguezais à implantação de sítio experimental, passando pela avaliação do setor produtivo do Pará e chegando aos impactos das ações antrópicas no clima – mostrando a busca pela interdisciplinaridade da RMCA.
Área costeira e academia – O sub-projeto que será coordenado pela pesquisadora do Goeldi Lourdes Ruivo, por exemplo, tem como objetivo demonstrar que na costa do Pará os efeitos das mudanças ambientais são marcantes e refletem nas funções ecológicas da fauna e flora local. E isso pode ser observado com mais clareza nos manguezais porque eles “são os primeiros indicadores dos efeitos de mudanças climáticas”, segundo Francisco Berredo – também do (MPEG) – que fez a apresentação.
Também com foco na área costeira, o sub-projeto da pesquisadora Cristina Senna (MPEG) visa a conhecer as mudanças paleoambientais, paleo-hidrológicas e paleoclimáticas de curto e longo prazo (de 100 a 200 anos; e de 10 mil a 5 mil anos, respectivamente) no estuário amazônico através do estudos de poléns e diatomáceas encontradas em sedimentos.
Quanto à área acadêmica, a Rede ainda abrange um sub-projeto de implantação de um sítio experimental multidisciplinar no município de Curuarana, região nordeste do Pará. O objetivo do sub-projeto, coordenado por José de Paulo Costa (UFPA), é criar infra-estrutura para o desenvolvimento de atividades de campo do curso de meteorologia da Universidade Federal e outros cursos ligados às ciências da terra e ecologia, inclusive de Pós-Graduação.
Impactos ambientais – Já na área dos impactos das ações antrópicas em relação ao clima, a representante da Universidade Federal do Pará (UFPA), Julia Cohen irá coordenar um sub-projeto para avaliar como as características da superfícies de flora podem interferir no clima local e global – isso levando em consideração a região do município paraense de Santarém, mais especificamente na área da BR-163.
Por sua vez, Leandro Ferreira, do Museu Goeldi, estudará os impactos das mudanças microclimáticas sobre a estrutura, a riqueza e a biodiversidade da flora de sub-bosque em Carajás, correlacionando as suas variáveis.
Já em relação ao setor produtivo do estado no contexto das mudanças climáticas, é o sub-projeto coordenado por Norma Beltrão (UEPA) que avaliará o perfil do setor, incorporando a dimensão climática através do inventário de gases do efeito estufa. Assim, busca-se o controle e a redução desses gases e ainda pretende-se dar subsidio às políticas públicas de mitigação ou compensação de emissões.
A Rede de Mudanças Climáticas do Pará, em última instância, vai gerar subsídios à formulação de políticas públicas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas e ambientais na Amazônia, buscando o desenvolvimento do Estado do Pará, e incluindo em suas pesquisas os impactos, as vulnerabilidades, as dimensões humanas e as respostas econômicas e sociais relacionadas às mudanças climáticas. (Fonte: Agência Museu Goeldi)