O governo do presidente americano, Barack Obama, começa o ano de 2011 pressionando por novas regulamentações e com diplomacia para combater as mudanças climáticas, mas enfrentará desafios importantes de parte de seus adversários.
O ano de 2010 chega ao fim com poucos avanços para um novo acordo global, após a Cúpula do Clima das Nações Unidas em Cancún (México), que contou com a participação dos maiores emissores do planeta, Estados Unidos e China.
Mas, as esperanças dos ambientalistas americanos se esvaíram internamente, depois que uma proposta para criar o primeiro plano nacional de captura e comércio de carbono (“cap-and-trade”) para restrigir as emissões de gases estufa na maior economia do planeta morreu no plenário do Senado.
Entretanto, o governo Obama tenta tomar posições por si próprio. A partir de 2 de janeiro, as autoridades americanas vão considerar os gases de efeito estufa para aprovar níveis de emissões para as novas instalações industriais de grande porte.
A agência ambiental americana (Environmental Protection Agency, EPA) anunciou em 23 de dezembro que fará um avanço a partir de 2012, ao estabelecer padrões de gases de efeito estufa para usinas elétricas e refinarias de petróleo, instalações que, juntas, respondem por quase 40% das emissões apontadas como responsáveis pelo aquecimento global.
Mas Obama pode esperar mais hostilidade contra sua agenda climática, em janeiro, quando o Partido Republicano, seu adversário, assumir a maioria da Câmara de Representantes.
O deputado republicano Fred Upton (Michigan), que presidirá o novo Comitê de Energia Doméstica e Comércio, disse que os Estados Unidos deveriam “trabalhar para trazer mais energia ao sistema e não desligar usinas” para proteger os empregos.
“Não permitiremos que o governo regule aquilo que tem sido incapaz de legislar”, disse Upton. “Esta surpresa de Natal não é nada mais do que uma tentativa sub-reptícia de implementar seu esquema de ‘captura e comércio’, que ameaça os empregos”, emendou.
A administração Obama insiste em que se trata apenas de estabelecer padrões, como favorecer a tecnologia verde, e não impor valores quantitativos de captura às emissões, como previsto na maior parte das propostas de captura e comércio.
A equipe de Obama e os ambientalistas argumentam que uma mudança de rumo na direção de uma energia verde criaria e não reduziria os empregos, ao abrir uma nova área de crescimento na combalida economia americana.
A temperatura do planeta tem subido persistentemente e muitos cientistas apontam a ocorrência crescente de desastres ambientais, como as inundações devastadoras no Paquistão e as nevascas intensas, como evidências das mudanças no clima provocadas pelo aquecimento global.
Por pouco os democratas não perderam a maioria no Senado e com Obama na Presidência ele pode lutar contra quaisquer esforços legislativos para afrouxar regulamentações no que diz respeito às mudanças climáticas.
Mas alguns republicanos já prometeram combater uma promessa-chave dos Estados Unidos nas rodadas de negociação internacionais: ajudar os países pobres, considerados os mais vulneráveis a sofrer os piores efeitos das mudanças climáticas.
A Cúpula de Cancún criou o Fundo Verde, para o qual a União Europeia, o Japão e os Estados Unidos se comprometeram a ajudar 100 bilhões de dólares ao ano a partir de 2020.
Em resposta à preocupação sobre a prestação de contas, o governo Obama conseguiu atribuir ao Banco Mundial a gerência do Fundo Verde.
Para Todd Stern, chefe das negociações climáticas americanas, disse que os compromissos financeiros eram “extremamente importantes” e “uma parte central do acordo”.
“Obviamente, a situação fiscal é extremamente dura nos Estados Unidos, bem como na Europa e em outros lugares. Precisaremos fazer o melhor que pudermos para cumprir” as promessas, disse Stern. (Fonte: Portal Terra)