O sumiço das abelhas, que há anos intriga os produtores de mel nos Estados Unidos, pode ter chegado ao Brasil. Em Santa Catarina, cientistas criaram um grupo para investigar o mistério que ficou conhecido como ‘colapso das colmeias’.
Há seis anos, apicultores americanos ficaram intrigados com um fenômeno. As abelhas produtoras de mel estavam sumindo sem deixar vestígios. O problema ficou conhecido como o ‘colapso das colmeias’.
“Nos Estados Unidos, simplesmente as abelhas abandonam as colméias. Não se veem abelhas mortas nessas colmeias. Então, elas abandonam deixando mel, pólen e, às vezes, até as crias”, diz a médica veterinária Mara Rúbia Pinto.
Os cientistas investigam várias hipóteses: mudanças climáticas, o uso de agrotóxicos, novos tipos de vírus ou parasitas poderiam estar afetando as abelhas. Até agora, o colapso das colmeias permanece um mistério.
Estaria o mesmo fenômeno se repetindo no Brasil? O fato é que, de meados do ano passado para cá, muitos apicultores de Santa Catarina, o segundo produtor de mel do país, vêm relatando casos e mais casos de colmeias abandonadas pelas abelhas.
Leodete Rohling Pfleger perdeu metade da produção de mel. “Nós tínhamos 65 colméias, eles abandonaram 33. Ficamos só com 32 colmeias. Eu não tenho idéia do que aconteceu. Para mim, é um mistério”, diz.
Casos assim levaram os produtores de Santa Catarina a formar uma comissão científica. O primeiro desafio é saber quantos dos 30 mil apicultores foram atingidos.
O sumiço das abelhas afeta não só a produção de mel. Santa Catarina é o maior produtor de maçãs do país. A polinização desses pomares é feita por milhões de abelhas. Hoje, 100 mil colmeias são usadas nessa tarefa. “Noventa por cento da produção de maçã no estado depende diretamente da polinização pelas abelhas domésticas”, afirma Afonso Inácio Orth, professor do departamento de Fitotecnia da UFSC.
A investigação sobre o mistério das abelhas está só começando. “Nós não temos elementos nesse momento para afirmar que os problemas aqui são os mesmos que ocorrem com o colapso das colônias nos Estados Unidos. É preciso investigar as causas desse desaparecimento no ano passado”, explica Orth. (Fonte: Globo Natureza)