A cidade de São Paulo registrou na última quarta-feira, dia 16, a maior incidência de raios num único dia já contabilizados, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais).
Naquele dia, 2.264 raios foram contabilizados na cidade; o recorde anterior, de janeiro de 2009, era de 2.100 ocorrências. O registro de raios em São Paulo começou a ser feito em 2000.
Segundo o Inpe, 65% dos raios da última quarta ocorreram entre as 16h e as 20h. As áreas mais afetadas da capital foram o centro e as zonas norte, leste e sul.
Neste domingo, uma segurança foi atingida por um raio no parque Villa Lobos, na zona oeste da cidade. Ela está internada em estado grave. Ao longo de todo o domingo, foram registrados 1.051 raios na cidade, medição considerada alta pela entidade.
Segundo Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe, os índices recentes ‘são a confirmação de que a atividade humana e a urbanização tendem a intensificar a ocorrência de raios’.
Ele explica à BBC Brasil que, além de concentrar várias características que concorrem para a incidência de temporais, São Paulo tem alto índice de poluição atmosférica, o que facilita ainda mais a ocorrência de raios.
Segundo ele, as micropartículas lançadas ao ar pela poluição facilitam a aglutinação de gotículas de água, que se transformam em gelo a partir de 5 quilômetros de altura. ‘São essas partículas de gelo que, ao se chocarem, dão origem a cargas elétricas e, consequentemente, aos raios’, diz o especialista.
Pinto Júnior afirma que a incidência de raios em São Paulo chega a 17 por quilômetro quadrado ao ano, enquanto atinge 15 na Flórida e no norte da Itália, respectivamente as áreas de maior ocorrência na América do Norte e na Europa.
Segundo o Inpe, os raios provocaram 230 mortes entre 2000 e 2009 no Estado de São Paulo. Para Pinto Júnior, é preciso alertar a população sobre os riscos do fenômeno atmosférico.
‘Cerca de 80% das mortes da última década poderiam ter sido evitadas’, diz o especialista.
Pinto Júnior afirma ainda que, além da perda de vidas, é possível minimizar os prejuízos econômicos decorrentes de raios e tempestades, como os provocados pela queda de árvores em São Paulo.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na primeira semana de fevereiro caíram em São Paulo, em média, 80 árvores por dia em decorrência das fortes chuvas e dos raios.
Para Pinto Júnior, a cidade deveria promover estudos para avaliar que tipos de árvores são mais resistentes a temporais. (Fonte: G1)