O número de casos notificados de dengue na região metropolitana do Rio de Janeiro aumentou dez vezes nos dois meses do ano, em comparação a igual período de 2010. Nas primeiras oito semanas de 2011 houve o registro de 5.663 casos, contra 539 em janeiro e fevereiro de 2010, o que equivale a um crescimento de 1.050%.
Os dados foram divulgados no sábado (26) pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, durante atividade de alerta e conscientização sobre a doença no Complexo do Alemão. O evento foi dirigido especialmente a crianças e adolescentes da região, que não vinham sendo monitoradas de forma adequada porque antes da ocupação policial era muito difícil a entrada de técnicos em saúde.
Um dos principais motivos do forte crescimento da dengue é a entrada do tipo 1 da doença, que já havia atingido o país com força no final da década de 80 e que retornou agora, segundo o técnico da Secretaria de Saúde Mário Sérgio Ribeiro.
“As pessoas que estão sendo hoje sendo infectadas não têm contato com esse vírus há mais de 20 anos. Quem nasceu depois de 1988 é suscetível. Então, agora tem uma contingente populacional muito grande propenso ao vírus do tipo 1, que vai provocar um número maior de casos que em 2010”, alertou Mário Sérgio.
Ele prevê que a volta do tipo 1 deverá produzir um número grande de pacientes: “Isso deverá sobrecarregar a rede de saúde, o que obriga a se investir na capacitação dos profissionais de saúde para diagnosticar e fazer o tratamento correto”. Segundo ele, embora haja expectativa de que o tipo 1 seja menos grave que os tipos 2 e 3, que provocaram recentes epidemias no Brasil, poderá haver algum tipo de mutação no vírus que o torne mais agressivo.
Para o capitão do Corpo de Bombeiros Daniel Barcellos, coordenador nas escolas e nas comunidades do programa Rio Contra a Dengue, uma das chaves no combate ao mosquito é a sensibilização de crianças e adolescentes, que levam as informações para dentro de casa. “É importante agir preventivamente. Passamos para as crianças quais são os cuidados e como se combate o mosquito. O principal objetivo é formar multiplicadores, que possam levar essas informações aos vizinhos e parentes.”
O comerciante Moisés Freitas era uma das dezenas de pessoas que estavam no evento, com direito a tendas educativas e show de grupos musicais. Vítima de dengue no ano passado, ele trouxe os dois filhos para aprenderem como evitar a doença. “Já tive dengue e não desejo isso para ninguém. Agora, procuro organizar sempre o meu quintal, para evitar o acúmulo de água. Mas não adianta uma pessoa fazer e duas não fazerem. É preciso que os vizinhos também façam a parte deles.”
Segundo a Secretaria de Saúde, após o carnaval será feito um levantamento detalhado da infestação do mosquito da dengue no Complexo do Alemão. Um quinto das residências será analisado em busca de possíveis focos de larvas do Aedes aegypti. Em todo o estado do Rio, nas primeiras oito semanas deste ano, já foram notificados 9.311 casos da doença. (Fonte: Vladimir Platonow/ Agência Brasil)