A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo identificou pela primeira vez a circulação do vírus tipo 4 da dengue em território paulista. A confirmação data de março, mas só foi confirmada na manhã desta segunda-feira (4), em entrevista coletiva realizada na sede da secretaria, em São Paulo.
O caso é de uma moradora do município de São José do Rio Preto, a 438 km da capital paulista, que já está curada. A paciente tem menos de 40 anos, vive na zona urbana e teve dengue clássica, não foi sequer internada. Não há registro de que ela tenha viajado recentemente a outros estados ou para o exterior.
Amostras de sangue da mulher foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz e deram resultado positivo para dengue 4 em exames de prova e contraprova. Até agora, o estado de São Paulo tinha registrado apenas a transmissão dos vírus do tipo 1, 2 e 3. Em 2010, cerca de 90% dos casos registrados no estado foram causado pelo tipo 1, segundo a secretaria.
Com a confirmação, a secretaria divulgou que vai verificar a região onde a paciente vive em busca de mais casos do vírus tipo 4. A medida servirá, inclusive, para tentar rastrear como ocorreu a introdução do vírus.
2012 – A partir de abril, com a aproximação do inverno, existe uma projeção de redução natural dos casos de dengue na região. O tempo frio e seco não favorece a reprodução do vetor, o mosquito Aedes aegypti. “Nós não esperamos uma epidemia de dengue 4 este ano”, afirmou Giovanni Guido Cerri, secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
Além disso, o comportamento do vírus tipo 4 no Norte, no Nordeste e no Rio de Janeiro, até o momento, não permite prever uma epidemia para as próximas semanas. “O que o Ministério da Saúde já nos coloca é que, nos outros estados em que já houve identificação do vírus tipo 4 neste ano e no fim do ano passado, não houve, até o momento, um comportamento explosivo”, disse Clelia Aranda, coordenadora de Controle de Doenças da pasta.
Para os próximos anos, contudo, o vírus tipo 4 pode se tornar um problema sério. “Existe uma possibilidade, porque nós estamos com a introdução de um vírus novo”, reconhece Aranda. “Toda vez que entra um vírus novo, nos anos subsequentes, pode haver um comportamento diferente. Em algumas regiões, isso pode ser mais rápido, em outras pode ser mais moroso”, explica.
A doença – Os sintomas da dengue são os mesmos para os quatro tipos de vírus: febre alta, dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos e manchas vermelhas na pele, acompanhadas ou não de dores abdominais e sangramentos espontâneos.Pacientes com esses sintomas devem hidratar-se, não tomar remédios por conta própria e procurar imediatamente orientação médica.
De acordo com a pasta, a circulação do novo vírus não altera a rotina do trabalho de controle de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de manejo clínico de casos suspeitos de dengue nos serviços de saúde.
Em nota, a secretaria informou que no segundo semestre de 2010 foi desenvolvido trabalho de capacitação de 6 mil agentes em todo o estado para aprimorar o trabalho de controle de vetores. Foram realizadas, no total, 51 oficinas, envolvendo 330 municípios considerados prioritários.
Tipo 4 – A dengue tipo 4 apresenta risco mesmo a pessoas já contaminadas com os vírus 1, 2 ou 3, que são vulneráveis à manifestação alternativa da doença. Complicações podem levar pessoas infectadas ao desenvolvimento de dengue hemorrágica. O sorotipo 4 foi identificado pela primeira vez no Brasil há 28 anos.
É possível desenvolver um quadro grave de dengue com qualquer sorotipo, mas a dengue tipo 4 é preocupante porque grande parte da população está desprotegida em relação a esse sorotipo. E a probabilidade de quadro grave de dengue aumenta se a pessoa for infectada pela segunda ou terceira vez. (Fonte: Tadeu Meniconi/ G1)