Se a Terra fosse iluminada por dois ou mais sóis, teríamos plantas pretas ao invés das tradicionais folhas verdes. Isto porque, para maximizar a absorção de energia pela fotossíntese, especialmente caso os sóis tivessem cores e intensidades diferentes, as plantas teriam de usar mais pigmento para absorção de luz em uma ampla gama de comprimentos de onda, o que faria com que ficassem pretas ou cinzentas – as cores que mais absorvem luz.
Foi o que constatou estudo apresentado nesta terça-feira (19) no encontro da Sociedade Real de Astronomia, em Llandudno, no Reino Unido. “Se um planeta for encontrado em um sistema com dois ou mais sóis, ele teria múltiplas fontes de energia disponíveis para a fotossíntese. A temperatura das estrelas determina sua cor. Portanto, a cor da luz usada para a fotossíntese. Dependendo das cores de sua estrela, as plantas iriam evoluir de forma muito diferente”, disse Jack O’Malley-James, da Universidade de St Andrews e autor do estudo.
Embora a ideia de que planetas que abriguem vida possa soar exagerada, tais sistemas não devem ser tão raros assim. A equipe de O’Malley-James utilizou simulações de computador para indicar que planetas como a Terra podem existir em diversos tipos de órbitas estáveis em sistemas multisolares. Mais de um quarto das estrelas são na Via Láctea são do mesmo tipo que o Sol. E cerca de metade das estrelas mais frias e de vida mais longa, chamadas de anãs vermelhas, são encontradas em sistemas solares que contém duas ou mais estrelas, de acordo com a pesquisa.
Segundo a simulação da equipe de pesquisadores, planetas como a Terra também podem orbitar duas estrelas muito de perto, ou terem uma órbita ao redor de duas estrelas mais distantes. A equipe também analisou a combinação destes cenários, com duas estrelas próximas, e mais uma estrela distante.
“Nossa simulação sugere que planetas de sistemas multi-solares devem abrigar formas exóticas de plantas. Plantas de planetas com anãs vermelhas, por exemplo, seriam pretas, para absorver mais energia. Elas também seriam capazes de utilizar a radiação infravermelha ou ultravioleta para conduzir a fotossíntese. Para os planetas orbitando duas estrelas como Sol, a alta radiação e as intensas erupções estelares poderiam acarretar no desenvolvimento de um protetor anti-UVA próprio. Caso contrário, micro-organismos fotossintéticos poderiam virar labaredas”, disse O’Malley-James. (Fonte: Portal iG)