Quem estava no caminho não se esquece do som que veio antes da destruição. “Ssshhhhhhhh, mas, assim, com muita velocidade e com uma altura muito grande”, conta uma moradora.
“E é dois segundos! E passa e você vê o estrago todo”,
Troncos de árvores quebrados como se fossem palitos. Carros com mais de uma tonelada jogados a quase trinta metros de distância. E vidas marcadas pra sempre. “Deus pegou a nossa casa com as mãos e nos baixou aqui” disse uma mulher.
Ela teve só 10 segundos pra entrar e avisar toda a família, seis pessoas dentro de um tornado.
Um homem sobe as escadas que levavam à porta principal. Ele conta que a casa inteira foi arrancada do chão e que, depois, ela girou no ar por alguns segundos antes de baixar de novo. Jeremy, o dono da casa, diz que teve sorte por ele e a família estarem vivos porque foi uma devastação.
Depois de arrancar do chão a casa de Jeremy, o tornado seguiu o seu caminho e arrasou um bairro inteiro da cidade de Tuscaloosa, no Alabama.
Os tornados de quarta-feira eram gigantescos: alguns chegaram a oitenta metros de altura, e rodopiaram arrasando tudo, às vezes a mais de 350 km por hora.
Uma família perdeu a casa, o carro que estava estacionado na rua voou e destruiu tudo. As pessoas só tiveram tempo de correr para o banheiro.
Pelo menos 42 pessoas morreram na cidade. Mais de 900 ficaram feridas.
E poderia ter sido pior, se não fossem os alertas dados pela meteorologia e também por gente como Andy Gabrielson. O rapaz de 24 anos é o que se chama por aqui de “Caçador de Tornados”.
Equipado com um computador onde acompanha mapas meteorológicos e com uma câmera, ele segue solitário com o carro dele para lugares de onde todos querem fugir. Só este ano ele viajou para 14 estados e fez imagens de 27 tempestades.
“Quando vejo que muitas pessoas se salvaram por causa das minhas imagens”, diz Andy, “a sensação é de realização”.
Na quarta-feira, várias emissoras de TVs locais transmitiram ao vivo os tornados chegando. Assistir ao trajeto deles ajudou muita gente a escapar.
Sean Casey é o caçador de tornados mais famoso dos Estados Unidos. E é dele este veículo especial, que mais parece um carro de guerra. E nós chegamos bem na hora da manutenção geral do veículo interceptador de tornados.
Sean e a equipe se preparam para a temporada deste ano, que dá a impressão de que será bem longa. Por dentro, ele é todo adaptado para a produção de imagens. Tem várias câmeras. Só aqui, eu estou vendo uma, duas, três, quatro, cinco câmeras, vários microfones, tudo para pegar a reação das pessoas que ficam aqui dentro. E sabe por quê?
Porque o carro, quando vai em direção ao tornado, ele não chega perto dele. Ele entra dentro do tornado.
Sean explica: o carro tem blindagem de duas polegadas e vidros à prova de bala para aguentar o impacto mortal dos destroços que voam em alta velocidade ao redor de um tornado. E, nessa hora, diz ele, é fácil sentir medo e até pânico.
O veículo foi usado na produção de um documentário para cinema que ainda não entrou em cartaz, mas que promete imagens espetaculares.
Em Tuscaloosa, no Alabama, a árvore do quintal agora é a sala de estar desta família, porque a casa… James conta que a família se salvou porque ele viu um dos avisos vindos pela TV.
Pergunto a ele: onde vocês vão dormir hoje? “Não sei”, ele diz.
E ainda assustado, lembra quando viu a casa dele se desmanchando no ar: não deu tempo para nada. (Fonte: G1)