O estudo científico que denunciou erros no cálculo das taxas de extinção, divulgada nesta quarta-feira (18) é válido, mas pode resultar na diminuição dos esforços em salvar espécies ameaçadas, de acordo com Patrícia Baião, diretora do programa Amazônia do Grupo ambientalista Conservação Internacional (CI).
“Por um lado, ele nos ajuda a moldar os projetos de conservação, no entanto, há preocupação dele minimizar os esforços de conservação de espécies. Há uma faca de dois gumes aí”, afirmou ao iG após ler o estudo a pedido da reportagem.
Ela afirma que o método de cálculo destas taxas sempre foi questionado. “Esta discussão não é nova. O que vale destacar é que independente de ser 50% ou 70%, estamos falando de números muito altos e que merecem atenção mesmo que haja variação entre os métodos”, disse
Para ambientalista, o estudo da Universidade da Califórnia mostra uma alternativa eficaz, mas que requer muito mais dados. “Hoje a gente sabe pouco sobre conservação de espécies, principalmente em áreas tropicais, onde há uma biodiversidade muito grande. Na área onde o estudo foi feito, na floresta temperada dos EUA, há menos espécies por quilômetro quadrado”.
O novo método é difícil de ser aplicado na Amazônia, por exemplo, onde, de acordo com Patrícia, há falta de dados sobre distribuição e número de espécies endêmicas. “Estas questões variam muito de uma área do planeta para outra”, afirma.
Nesta quarta-feira (18), o periódico científico Nature publicou um artigo que mostra matematicamente que as taxas de extinção de espécies estão superestimadas em 160%. Até agora, os cientistas afirmavam que as espécies desaparecem a um ritmo de 100 a 1.000 vezes mais rápido que a taxa média de extinção das espécies. A principal causa para esta perda está na redução dos habitats por conta de desmatamento e avanço da área urbana.
Há um erro conceitual no cálculo que estima estas taxas. O método mais usado relaciona espécie com área. Quanto maior a área maior é a quantidade de espécies. No entanto o cálculo de perda de espécies por área devastada, não é inverso ao cálculo de ganho de espécie por aumento de área. (Fonte: Maria Fernanda Ziegler/ Portal iG)