Cientistas brasileiros querem desenvolver um sensor de velocidade mais eficiente para aviões. Eles estudaram as condições enfrentadas pelos pilotos do vôo 447, da Air France, que caiu em junho de 2009.
Durante um ano, pesquisadores da Coppe, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudaram pitots semelhantes aos do avião da Air France que caiu em 2009. Tubos que ficam do lado de fora da aeronave e medem a velocidade.
De acordo com o estudo, o pitot do 447 poderia ser usado em uma altitude de até 40 mil pés e uma temperatura máxima de 40 graus negativos.
“Nesse voo, em particular, na altitude de 35 mil pés, enfrentou-se uma temperatura de 52 graus negativos e, nessa altitude, nessa temperatura, o pitot estava operando fora da faixa de certificação”, explica o cientista da Coppe-UFRJ Renato Cotta.
Os pitots congelaram e os pilotos ficaram sem os registros das velocidades. Agora, cientistas brasileiros vão trabalhar para desenvolver um sensor mais sofisticado e preciso.
“A ideia é que um desses sensores, um dos pitots, fosse substituído por outro sensor que funcionasse de modo diferente do pitot”, diz o cientista Átila Freire, também da Coppe-UFRJ.
Em um novo laboratório, a Coppe pretende construir um equipamento capaz de simular condições de voo. As peças desenvolvidas ficarão em um túnel com vento e gelo que vai reproduzir as variações de temperatura e pressão enfrentadas pelos aviões. O objetivo da Coppe é transformar o laboratório numa referência internacional em estudos aeronáuticos.
O cientista Renato Cotta perdeu a filha e o genro no acidente do voo 447: “Esse trabalho deixa de ser apenas um dever como cientista e passa a ser, além de tudo, uma missão. Por estar trabalhando também para que essas 228 vidas e o sofrimento dessas 228 famílias seja, tenha, de alguma forma, compensado. É o meu trabalho mais importante”, conta Renato Cotta. (Fonte: G1)