Cientistas alemães das universidades de Greifswald e Bonn dizem ter encontrado indícios que poderiam explicar a gravidade do novo tipo da bactéria E.coli enterohemorrágica (EHEC), que provoca a formação de anticorpos que atacam os tecidos dos próprios pacientes, causando danos internos graves. A informação foi divulgada pela agência de notícias Efe e pelos jornais “Die Welt”, da Alemanha, e “El País”, da Espanha.
Segundo as reportagens, o especialista em transfusões Andreas Greinacher disse que tudo parece indicar que os pacientes afetados desenvolvem uma reação autoimune – quando as células de defesa do corpo atacam não só as ameaças como bactérias e vírus, mas também os próprios órgãos. Outro problema está na produção de uma toxina chamada Shiga ou verotoxina.
As análises prévias realizadas indicam, segundo as reportagens, que esses anticorpos provocam problemas de coagulação, que limitam a chegada de sangue a regiões importantes do cérebro e dos rins.
Segundo informações dos órgãos de controle sanitário europeus e mesmo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a nova versão da bactéria E.Coli (O104:H4) tem causado diarreia com sangue e uma doença chamada síndrome hemolítico-urêmica (SHU). Esta última faz o número de plaquetas – células que realizam a coagulação do sangue – diminuir, levando a problemas como anemia e insuficiência renal.
Os anticorpos que atacam o próprio organismo são gerados apenas por alguns pacientes infectados. Greinacher disse que quatro pacientes com sintomas graves provocados pela infecção de E.coli foram tratados na clínica universitária de Greifswald. Eles passaram por uma diálise, que filtrou esses anticorpos. “Os primeiros desenvolvimentos dos valores sanguíneos nos fazem otimistas”, afirmou o cientista.
O especialista, que fez as análises com Bernd Pötzsch, da Universidade de Bonn, comentou que ainda desconhece os motivos pelos quais esses pacientes são afetados dessa maneira pelo próprio sistema imunológico.
Segundo ele, foi comprovado um funcionamento alterado de uma proteína, o chamado fator Von Willebrand, nos vasos sanguíneos cerebrais e renais dos infectados. Ao invés de se decompor em pequenos fragmentos como seria normal, o composto acaba se acumulando e bloqueando os vasos capilares, o que agrava o quadro clínico dos pacientes.
Greinacher e Pötzsch concordam que a resposta autoimune se desenvolve “no mínimo, cinco dias depois da infecção [pela bactéria]”.
“Isso explica porque os pacientes com diarreia resistiram inicialmente e só depois apresentaram os fortes sintomas neurológicos”, disse Greinacher. (Fonte: G1)