Gorila encontra na proteína segredo para se manter em forma

Ao contrário do que acontece com os humanos, os gorilas não estão enfrentando uma epidemia de obesidade. O motivo é que os primatas seguem uma dieta sem gordura supérflua.

A concentrações de proteína são similares às recomendadas pela Associação Americana de Cardiologia para os humanos, afirma a antropóloga Jessica Rothman, do Hunter College, da Universidade de Nova York.

Rothman e colegas estudaram os gorilas das montanhas de Uganda e descobriram que eles têm uma dieta rica em proteína, complementada com frutas.

Quase 17% do total consumido diariamente é constituído de proteína, porcentagem que se aproxima dos 15% recomendados pela associação.

O estudo, que está na edição atual da revista “Biology Letters”, constatou que, em certas épocas do ano, quando as frutas não estão disponíveis, as folhas ricas em proteína predominam na dieta dos gorilas.

Nesse período, a proteína corresponde a cerca de 31% da ingestão de energia deles – quantidade semelhante ao conteúdo dos regimes alimentares de perda de peso, ricos em proteína, como a dieta Atkins (dieta criada por Robert Atkins que enfatiza o baixo consumo de carboidrato).

“Nesse período eles consomem proteína em excesso para atender às suas necessidades energéticas”, afirma Rothman.

Compreendendo a dieta dos gorilas, os pesquisadores podem entender melhor a evolução da dieta humana, segundo David Raubenheimer, coautor do estudo e ecólogo nutricional da Universidade Massey, na Nova Zelândia.

Alimentos em abundância -Os alimentos ricos em açúcares, amido e gorduras, difíceis de obter em outros tempos, hoje existem em abundância.

Raubenheimer diz: “[As sociedades modernas] estão diminuindo a concentração de proteína de sua dieta. Contudo, nós nos alimentamos para obter a mesma quantidade de proteínas de que necessitávamos antes e, ao fazer isso, estamos comendo em excesso.”

O estudo também ajudou a preservar e criar um habitat perfeito para os gorilas-da-montanha, que estão em risco de extinção. Atualmente, existem cerca de 800.

Rothman está em Uganda realizando um estudo nutricional semelhante em outros primatas, entre eles o macaco-do-rabo-vermelho e o babuíno. (Fonte: Folha.com)