Após a cheia no Pantanal o período de vazante, quando as águas baixam, proporciona cenas inusitadas da vida aquática. A migração dos peixes em busca de mais oxigênio acontece no rio Aquidauana, na cidade de Rochedo, distante a 89 quilômetros de Campo Grande.
A piracema, termo da língua tupi, significa subida de peixes e os cardumes procuras as cachoeiras porque nelas estão maior volume de oxigenação na água. Um cardume de piraputangas chegou a cabeceira do rio Aquidauana na borda do Pantanal, os peixes tentam vencer o obstáculo da subida em busca ao oxigênio, e recebem a ajuda de pessoas da região.
Na corrida pela sobrevivência os lambaris, espécies pequenas de peixes, ficam nadando em círculos, os pescadores chamam esse fenômeno de rodada. Nesse momento os peixes se tornam presas fáceis. A Polícia Militar Ambiental (PMA) realizou uma fiscalização em um dos recantos mais isolados do Pantanal.
O comandante da PMA, tenente-coronel Carlos Matoso comenta a operação. “O grande desafio é fazer com que a pesca tenha sustentabilidade para que outros pescadores também possam usufruir desse recurso natural”, afirma.
A marca na vegetação mostra que o nível da água está baixando, já foi registrado um metro e meio de diminuição. Os peixes que estavam represados nos alagados vão para o leito dos rios, o que atrai os pescadores. Um pescador que viaja duas vezes por mês até o rio, pescou um pintado de 18 quilos.
Na fiscalização os policiais checam a documentação e só os quem possui registro pode pescar, todas as informações sobre as regras e a legislação estão em um manual que a polícia entrega aos pescadores. No início da cheia pantaneira aconteceu a decoada, quando a vegetação ficou submersa, apodreceu e a água ficou com pouco oxigênio fazendo com que muitos peixes morreram neste processo natural de renovação.
A bióloga da Embrapa Emiko Resende comenta a importância das cheias. “O processo ecológico que controla e faz com que o Pantanal exista é essa cheia e seca todo ano. Então quanto maior for a cheia, para os peixes é muito bom, pois traz alimentos para eles”, afirma a bióloga. (Fonte: G1)