Um filhote de peixe-boi, com aproximadamente 80 centímetros de comprimento, foi encontrado pela Polícia Ambiental do Amazonas nesta quinta-feira (14) na cidade de Manacapuru, a 80 km de Manaus, com graves ferimentos e dificuldade de alimentação.
De acordo com informações da Associação Amigos do peixe-boi (Ampa), o animal deverá chegar na capital do Amazonas por volta das 20h, horário local, 21h pelo horário de Brasília, para atendimento no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que mantém um laboratório de mamíferos aquáticos. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente foi acionada para planejar o resgate, feito por terra e de barco, com tempo de duração estimado em quatro horas.
Segundo a associação, o filhote é uma fêmea e ainda não há detalhes sobre qual o tipo de ferimento. O animal foi resgatado por moradores da comunidade Betel há 15 dias, após aparecer agonizando à margem do rio Solimões. Ele recebeu tratamento dos moradores desde então, entretanto, de acordo com a Ampa, o filhote não ingeria alimentos.
Resgates – De janeiro até a metade de julho, a Ampa resgatou nove filhotes de peixe-boi no estado do Amazonas. O caso mais recente, relatado pelo Globo Natureza em junho passado, foi de um exemplar com dois meses de vida encontrado em Barreirinha, a 330 km de Manaus.
Entretanto, a quantidade pode ultrapassar os 13 filhotes resgatados em 2010 (com duas mortes), o que preocupa biólogos da região. “São indícios de que a caça ao peixe-boi continua no Amazonas, até por ser uma questão cultural”, afirmou a bióloga Isabel Reis. Segundo ela, os resgates ocorrem mais devido à conscientização adquirida pela população sobre esse tema.
“O período crítico para a caça deste mamífero aquático é entre agosto e dezembro, devido à seca na Amazônia e à redução dos níveis dos rios. Os animais ficam mais vulneráveis”, disse Isabel, que também presta serviço para a Ampa.
Prato – Ameaçado de extinção, a carne de peixe-boi é utilizada para a culinária local. O prato Mixira, palavra na língua indígena para mistura, pode ser encontrado de maneira clandestina em mercados populares da capital e das cidades do interior. “Apesar da fiscalização, o comércio persiste”, disse Isabel Reis. (Fonte: Globo Natureza)