A Agência Nacional de Águas (ANA), ligada ao Ministério do Meio Ambiente, divulgou nesta terça-feira (19) relatório que mostra que a qualidade da água em 9% de 1.747 pontos de medição em diversos estados brasileiros é ruim ou péssima.
A classificação segue os parâmetros do Índice de Qualidade das Águas (IQA), que indica principalmente a contaminação por esgoto doméstico. Os dados se referem a amostras coletadas em 2009 já que, pela dimensão do estudo, seus resultados demoram para ser computados.
Os valores médios do IQA em 2009 apontam, segundo a ANA, uma condição ótima em 4% dos pontos de monitoramento, boa em 71%, regular em 16%, ruim em 7% e péssima em 2%. Em 2008, os números foram semelhantes: 10% de qualidade ótima; 70% boa; 12% regular; 6% ruim; e 2% péssima. Como os pontos de medição não coincidem nos dois anos, não é possível fazer uma comparação exata para identificar uma tendência de melhora ou piora.
Alexandre Lima, especialista em recursos hídricos da ANA, aponta que, embora o Brasil tenha atualmente 18% de toda a água doce disponível na superfície do planeta, a maioria do potencial hídrico nacional (81%) está concentrado na Amazônia, ou seja, longe dos grandes centros urbanos do país.
“A parte que restou para abastecer os grandes centros urbanos está em situação crítica de uso. Percebemos uma pequena melhora na qualidade da água em virtude de investimentos no tratamento de esgotos em algumas bacias. Porém, é necessário um investimento contínuo neste setor”, diz o especialista.
Lima ressalta que a água apontada em estado de má qualidade está concentrada nos grandes centros urbanos, como na Região Metropolitana de São Paulo, abastecida pela Bacia do Alto Tietê.
“Na comparação dos últimos dez anos, o investimento feito no tratamento de esgoto proporcionou melhorias na qualidade da água em rios como o Paraíba do Sul (que é responsável por abastecer as cidades do Vale do Paraíba Paulista e Fluminense, além de municípios de Minas Gerais)”, afirmou Lima.
Emergências – O estudo da ANA mostra ainda que, em 2010, 19% dos municípios brasileiros decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública devido à ocorrência de cheias ou problemas de estiagem ou seca. O número geral desses registros caiu de 1.967, em 2009, para 1.184 no ano passado. (Fonte: Globo Natureza)