Para saber a origem da fumaça, que cada vez mais aflige o Acre, o Ministério Público (MP) recorreu a especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para desenvolver um modelo que fará uma atribuição relativa das fontes emissoras. O objetivo é verificar se a fumaça vem de queimadas no próprio Acre, nos estados vizinhos, como Rondônia e Amazonas, ou até mesmo no Peru e Bolívia, países que lhe fazem divisa. Com a identificação, o MP busca responsabilizar os causadores do fogo.
O Inpe já monitora regularmente por satélites os focos de incêndios em toda a América do Sul e produz estimativas sobre a qualidade do ar e emissão de material particulado oriundo de queimadas. No entanto, até então, não era possível quantificar a participação das várias regiões emissoras.
“Acompanhamos a trajetória da fumaça há tempos, porém os modelos usuais não permitem mensurar a quantidade de emissões que vem de outros locais separadamente”, explica o pesquisador Saulo Freitas, do Grupo de Modelagem da Atmosfera e Interfaces (GMAI) do Inpe.
Novo modelo – O atual modelo foi realizado a partir do supercomputador Tupã, instalado no Inpe de Cachoeira Paulista. “Só pudemos fazer este trabalho quando adquirimos uma maior capacidade de processamento, pois temos que separar as fontes de aproximadamente 30 gases. O poluente é sempre o monóxido de carbono (CO), mas precisamos indexá-lo e classificá-lo pela fonte emissora”, esclarece o pesquisador.
“No Acre já existe uma restrição das autorizações de queimadas nos períodos mais críticos. Estamos procurando fazer a nossa parte, mas de nada irá adiantar se os vizinhos não adotarem as mesmas práticas”, diz Patrícia Rêgo, representante do MP do Acre. Os dados coletados servirão de subsídio para os argumentos judiciais.
Problemas ambientais não têm fronteiras e, para serem resolvidos, precisam do engajamento de toda a sociedade. A ideia é expandir o modelo para outros estados. (Fonte: Portal Terra)