Em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que já desenvolviam projetos junto à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, em 2009 o biólogo e mergulhador Paulo Bertuol observou corais recifais na região. O fato despertou novos interesses acadêmicos e se tornou tema de uma dissertação de mestrado que está sendo desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC.
Resultados parciais dessa pesquisa foram este ano publicados em um artigo na revista Coral Reefs. “Nesse artigo reportamos a formação de corais recifais mais ao sul em todo o Oceano Atlântico, localizada na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, ao norte de Florianópolis e a 1,5 mil km ao sul dos recifes de Abrolhos”, destaca o professor Alberto Lindner, que desde 1996 estuda os cnidários, conjunto de animais que inclui corais, anêmonas e águas-vivas.
“Os resultados apresentados no artigo são importantes pois mostram que é possível a formação de bancos de corais recifais mesmo no sul do Brasil, em Santa Catarina”, complementa Lindner, também coordenador do projeto Biodiversidade Marinha de Santa Catarina.
Monitorando o fundo do mar – Desde dezembro de 2010, a mestranda Kátia Capel vai a cada três meses visitar a reserva para monitorar a população dos corais, que são da espécie Madracis decactis. A região ocupada mede 3,4 mil m² e está entre seis e 15 m de profundidade. A maior densidade (maior número de colônias de corais por m²) concentra-se em regiões com cerca de nove metros de profundidade, e um dos aspectos já observados é que conforme a profundidade aumenta, aumenta também o tamanho das colônias.
“Para nós foi uma grande surpresa encontrar esse tipo de formação aqui no sul do Brasil. A espécie Madracis decactis havia sido registrada para Santa Catarina, mas não esperávamos observar o desenvolvimento de um banco de corais recifais no estado”, reforça Lindner.
Ao contrário do que acontece em Abrolhos, a espécie de coral encontrada em Santa Catarina não forma recifes, mas um banco de colônias livres sobre o fundo do mar. São duas hipóteses que podem explicar o desenvolvimento desses corais em forma livre.
A primeira é a de que esses animais marinhos estavam em formação rochosa e por algum motivo, como hidrodinâmica (movimento da água), se soltaram e continuaram se desenvolvendo de forma livre. A outra teoria é a de que a larva do coral pode ter se fixado em algum local móvel, como conchas, e se movimentou através das ondas, marés, ou movimento de outros animais. “Esse sítio de corais tem grande potencial para estudos e poderemos desenvolver outros projetos na região”, comemora Kátia Capel. (Fonte: Portal iG)