FAO defende cultivos tradicionais frente às mudanças climáticas

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) pediu nesta segunda-feira (14) à comunidade internacional que defenda “urgentemente” os cultivos tradicionais em todo o mundo diante dos riscos que eles correm com as mudanças climáticas.

O pedido foi feito por ocasião do décimo aniversário do Tratado Internacional para Proteger e Compartilhar os Recursos Fitogenéticos. Em nota oficial, o diretor-geral da FAO, o senegalês Jacques Diouf, pediu aos países que desenvolvam políticas específicas para conservar e potencializar o uso das variedades vegetais para as próximas gerações.

“A conservação e o uso sustentável dos recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura são chave para garantir que o mundo produza alimentos suficientes para alimentar no futuro sua população crescente”, acrescentou Diouf.

A FAO considera chaves experiências como o “parque da batata”, realizada no Peru, onde os membros da comunidade combinam conhecimentos tradicionais com esforços para preservar variedades nativas, melhorar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar.

Mediante a troca de conhecimentos com um grupo de visitantes da Etiópia, os “guardiães” do parque peruano ensinaram a usar os conhecimentos locais sobre ventos, plantas nativas e outros fatores para decidir o local e o momento para cultivar batatas locais.

O dirigente das Nações Unidas aplaudiu a decisão de injetar os 6 milhões de dólares disponíveis mediante o tratado para ajudar camponeses dedicados aos cultivos tradicionais a se adaptar às mudanças climáticas.

Diouf lançou um apelo a favor do “acervo genético” mundial de mais de 1,5 milhão de amostras de material fitogenético, gerido de forma coletiva e multilateral pelos países signatários do Tratado Internacional sobre Recursos Genéticos para a Alimentação e a Agricultura.

“Constitui a base para mais de 80% dos alimentos do planeta de origem vegetal e possivelmente será a ferramenta mais importante para a adaptação da agricultura às mudanças climáticas nos próximos anos”, disse.

“Os efeitos das mudanças climáticas na agricultura não respeitam fronteiras nacionais, abrangem zonas agroecológicas completas”, advertiu Shakeel Bhatti, atual secretário do tratado internacional. “O portfólio de projetos adquire um enfoque pioneiro ao gerar uma base mundial de conhecimentos”, destacou. (Fonte: Portal Terra)