Rato-toupeira-pelado é imune a ácido, diz estudo

O rato-toupeira-pelado é imune à dor provocada por ácidos. Pesquisadores alemães descobriram que a resistência está ligada a uma variação em canais dos neurônios do animal. A descoberta pode ajudar na compreensão da dor crônica que os humanos sentem devido ao acúmulo da substância no corpo.

Mesmo sendo insensíveis ao ácido, eles têm as mesmas moléculas que percebem ácidos em receptores de dor, como qualquer outro vertebrado. O que acontece é que os neurônios do rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glaber) não disparam sinais de dor em resposta ao ácido. Isto porque uma variante no canal de sódio das substâncias receptoras nos neurônios é bloqueada por prótons que inibem a sensibilidade à dor.

O interessante no caso do rato-toupeira-pelado é que há uma diferença no sistema nervoso. “Ao derramar ácido nos nervos de ratos, 20% dos neurônios respondem à dor, já no rato-toupeira-pelado isto não acontece. É uma animal que não tem comportamento de resposta à dor assim como seus neurônios também não respondem à dor”, disse Ewan St. John Smith, neurocientista do Centro de Medicina Molecular Max-Delbrück e autor do estudo publicado no periódico científico Science.

De acordo com os cientistas, por evolução, houve a seleção de uma variante genética que induz ou inibe os receptores de dor. A espécie vive em ambientes subterrâneos com pouco oxigênio e altos níveis de dióxido de carbono, o que faz com que seus órgãos acumulem muitas substâncias ácidas.

Agora cientistas buscam desenvolver medicamentos para bloquear a dor. “Por que o dedo dói cerca de meia hora depois de ser cortado com a faca que partia o limão? Pois o ácido ativa estes canais e aí a dor acontece”, disse Smith.

Animal casca grossa – O rato-toupeira-pelado é um animal sui generis: além da aparência estranha e imunidade à dor, ele vive cerca de 30 anos – de cinco a dez vezes mais que outros roedores – se reproduzem até a morte e são resistentes ao câncer. Com tantos atributos, o roedor encontrado no leste da África é alvo de vários estudos. Pesquisadores estão analisando seu código genético na busca de insights para novos tratamentos de doenças como câncer e o envelhecimento, por exemplo. (Fonte: Maria Fernanda Ziegler/ Portal iG)