Não é raro achar elogios à sociedade das formigas nos textos de ideólogos humanos que simpatizam com o autoritarismo. Esses sujeitos não poderiam estar mais enganados, diz Mark Moffett.
“De fato, as formigas mostram devoção inquestionável à sua sociedade, mas isso é muito diferente da devoção a um líder político ou a uma hierarquia”, explica o pesquisador americano.
“Não existe ninguém controlando as vidas delas”, diz Moffett. Nos combates, não há “oficiais” dando ordens. Cada formiga que encontra um inimigo deixa um rastro de feromônios (odores especiais que funcionam como sinalizadores químicos).
Votando com o cheiro – O aroma recruta outras “soldadas” para a pancadaria, as quais também liberam seus próprios feromônios.
Quanto mais formigas reforçarem o rastro, mais forte será o sinal de alarme enviado para o formigueiro.
Da mesma forma, assim como entre os britânicos, a rainha reina, mas não governa, lembra Moffett. Ela é apenas a reprodutora oficial (as operárias, de todos os tipos, costumam ser estéreis).
Moffett diz que andou por todos os países da América do Sul (além dos demais continentes) em busca dos insetos. Ele não tem uma formiga brasileira favorita.
“Seria impossível escolher uma só. A melhor coisa no Brasil é a diversidade de formigas, que é maior do que em qualquer outro lugar do mundo”, diz.
A próxima parada do pesquisador, na semana que vem, é a Etiópia. “Vou escalar árvores nos últimos fragmentos de floresta que restam por lá, localizados em torno de igrejas”, conta. (Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha.com)