Uma onda gigante tirou de combate um dos navios usados pela organização ambientalista Sea Shepherd. O navio teve o casco rachado, logo no início de sua nova campanha contra os navios baleeiros japoneses que trabalham na Antártida.
Após este revés, o capitão Alex Cornelissen, do navio Bob Barker, explicou à Agência Efe que agora sente “um pouquinho mais de pressão”, embora tenha garantido que a Sea Shepherd prosseguirá com seu objetivo de defender as baleias.
O Bob Barker, um navio projetado para quebrar o gelo, forma junto com o Brigitte Bardot e o Steve Irwin a frota enviada em dezembro à região pela Sea Shepherd com o propósito de impedir que os navios baleeiros japoneses capturem nesta temporada 900 cetáceos com supostos “fins científicos”.
Porém, na quarta-feira passada, uma gigantesca onda de seis metros abriu uma rachadura no casco e danificou um dos pontilhões do Brigitte Bardot, um navio equipado com potentes motores e adquirido há pouco tempo.
Este incidente ocorreu cerca de 2,4 mil quilômetros ao sudoeste do litoral do porto australiano de Fremantle, quando o navio, com 10 tripulantes a bordo, tentava acompanhar a embarcação japonesa Nisshin Maru.
Agora, o Brigitte Bardot, que foi adquirido depois que o Ady Gil afundou em janeiro do ano passado, navega de volta a Fremantle para ser reparado, um trabalho “que durará meses”, afirmou Cornelissen.
Além disso, o navio Steve Irwin, que já prestou ajuda à organização, vai escoltar o Sea Shepherd até o porto e depois voltará “o mais rápido possível” para se unir à campanha realizada pelo Bob Parker.
A oitava campanha do Sea Shepherd foi denominada como “Operação Vento Divino”, como a dos pilotos kamikazes japoneses que combateram durante a Segunda Guerra Mundial.
Este nome tem o objetivo enviar aos navios baleeiros a mensagem de que serão perseguidos com “ferocidade”, para tentar acabar com a temporada de caça às baleias.
O Japão, país com uma forte tradição baleeira, investiu US$ 29 milhões para reforçar a proteção de seus três navios comandados por Yushin Maru, que partiu este mês rumo à Antártida.
O Governo japonês aumentou a segurança nos navios por causa da estratégia agressiva desenvolvida pela organização ambientalista, que realizou abordagens, lançou bombas de efeito moral contra os navios e colocou seus ativistas atracados no casco dos baleeiros, ações que forçaram a frota japonesa a suspender em fevereiro a temporada anual de caças às baleias.
O capitão Cornelissen garantiu que o objetivo imediato é o de localizar a embarcação Nisshin Maru, embora tenha admitido que será “difícil”, especialmente agora que a Sea Shepherd ficou sem o Brigitte Bardot, um navio que “é rapidíssimo”.
A campanha também será realizada em uma das zonas mais remotas e inóspitas do planeta como são as águas antárticas, onde neste momento há “bastante gelo”, além de ondas enormes, explicou o capitão do Bob Barker.
“A pequena frota japonesa está descendo rumo à região (antártica) e ainda há tempo porque não começaram sua campanha (de caça)”, explicou Cornelissen em entrevista à Efe por telefone.
A caça comercial de baleias está proibida desde 1986, mas diversas exceções permitiram a países como Japão, Islândia e Noruega continuarem com as capturas.
No Japão a captura das baleias foi retomada em 1987 alegando motivos científicos e, desde então, no entanto, o consumo da carne destes mamíferos se reduziu nos restaurantes japoneses nos últimos anos.
A Austrália apresentou no ano passado um requerimento na Corte Internacional de Justiça contra a caça japonesa de baleias, por considerar que tem fins comerciais e não científicos, enquanto vários países latino-americanos pediram ao Japão que ponha fim a esta prática. (Fonte: Portal iG)