Unidos pela esperança de que as chuvas voltem nos próximos dias, a família Camilo tenta de todas as formas combater os efeitos da estiagem, que já afeta mais de 531 pessoas no Rio Grande do Sul. Vivendo exclusivamente da colheita do milho e da produção do leite, o casal de agricultores Valdemar e Marta, que há 10 anos comprou um pedaço de terra na cidade de Boa Vista do Buricá (RS), no noroeste do estado, perdeu praticamente toda a fonte de renda com a seca. “É a pior estiagem em 10 anos que moro aqui”, diz o produtor Valdemar Camilo.
A falta de chuvas tem efeito dominó, aumentando a cada dia o número de perdas no pequeno povoado, com cerca de 7 mil habitantes. O prejuízo no município já beira os R$ 8 milhões. O açude onde o gado bebia água secou. Um bebedouro natural que foi aberto pela prefeitura nas propriedades rurais têm água, mas de péssima qualidade. “Com estas condições não podemos tirar água. O gado fica doente. Já temos uma quebra de 40% na produção de leite e as vacas estão perdendo peso por causa da seca”, revela Valdemar.
Os 2 mil litros de água necessários para matar a sede das 30 cabeças de gado chegam em caminhões-pipa, enviados pela prefeitura ou pela Defesa Civil. Com o pasto seco, o jeito é alimentar os animais com o milho que foi perdido, já que a plantação inteira secou. “Dá um desespero grande. É por isto que os colonos pequenos vão deixando as propriedades”, relata o produtor rural, emocionado.
Sem água e sem dinheiro para pagar as dívidas, o casal de agricultores aposta na união para superar os problemas causados pela falta de chuvas. “É difícil pra nós mantermos a propriedade. Não se consegue mais pagar as contas. Vamos ter que plantar de novo, nem que seja para arriscar. Pelo menos temos que tentar”, desabafa Marta Camilo. “Há 25 anos estamos juntos. Trabalhamos juntos, nas dificuldades também”, completa.
De segunda (9) até sexta-feira (13), o G1 acompanha as regiões mais atingidas pela estiagem no Rio Grande do Sul. O governador em exercício do estado, Beto Grill, assinou na manhã desta segunda-feira (9) um decreto coletivo de emergência para as cidades gaúchas mais afetadas pela estiagem. De acordo com o boletim divulgado às 19h pela Defesa Civil, 131 prefeituras já haviam decretado situação de emergência pela ausência de chuvas. Outras 30 cidades ainda estavam com a solicitação pendente. (Fonte: G1)