Quedas significativas na quantidade de gelo perene do Ártico na última década podem estar intensificando uma reação química que causa depósitos de mercúrio tóxico, mostrou um estudo liderado pela Nasa.
O estudo, divulgado na quinta-feira (1º) , mostrou que o gelo perene e espesso do Ártico estava sendo substituído por gelo mais fino e mais salgado que libera bromo no ar quando interage com a luz do sol e o frio, disse Son Nghiem, pesquisador da Nasa no Laboratório de Propulsão a Jato, em Pasadena.
Isso, em troca, provoca uma reação química chamada de “explosão de bromo” que transforma mercúrio gasoso na atmosfera em um poluente tóxico que cai na neve, terra e gelo e pode se acumular nos peixes, explicou Nghiem, principal autor do estudo.
“O encolhimento do gelo do oceano no verão atraiu muita atenção à exploração dos recursos do Ártico e à melhoria das rotas comerciais marítimas”, afirmou o pesquisador.
“Mas a mudança na composição do gelo do oceano também tem seus impactos no meio-ambiente”, acrescentou. “A mudança das condições no Ártico pode aumentar as explosões de bromo no futuro.”
Nghiem explicou que o bromo liberado também pode remover ozônio da camada mais baixa da atmosfera, a troposfera.
Embora boa parte da atenção sobre o gelo do Ártico tenha se concentrado na cobertura de gelo durante o verão, o estudo liderado pela Nasa, que foi aceito para publicação no Journal of Geophysical Research-Atmospheres, examinou o gelo perene durante o inverno e na transição para a primavera.
Nghiem explicou que os cientistas ainda estavam tentando determinar por que o Ártico havia perdido estimados um milhão de quilômetros quadrados de gelo perene nos últimos 10 anos, afirmando que isso pode ser devido a mudanças nos padrões de vento durante o período.
Em março de 2008, a extensão do gelo perene de um ano atingiu o menor nível em 50 anos, derretendo uma área equivalente ao Texas e Arizona juntos, de acordo com a Nasa. Ele foi substituído por um gelo sazonal mais novo, que é mais salgado porque não passou pelos processos que removem os sais.
O estudo foi conduzido por uma equipe dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Grã-Bretanha e combinou dados de seis satélites da Nasa, Agência Espacial Europeia e Agência Espacial Canadense, bem como observações de campo e um modelo. (Portal iG)