Cientistas que participaram da conferência “Planeta sob pressão”, realizada em Londres, assinaram ao final do encontro, nesta quinta-feira (29), declaração que cobra de governos mais atenção à ciência e pede que a sociedade assuma os riscos caso nada seja feito pelo desenvolvimento sustentável do mundo.
Com o título “Declaração do Estado do Planeta: novos conhecimentos em direção a uma solução”, cerca de 3 mil especialistas querem levar à mesa de negociações da Rio+20, conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, soluções para reduzir os impactos do crescimento e a cobrança de participação da ciência na formulação de políticas públicas.
De acordo com a declaração, os atuais mecanismos de governança e acordos internacionais existentes não funcionam com rapidez para atender os desafios globais, como as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.
Os cientistas pedem mais investimentos em pesquisa voltadas à área – financiamentos de governos e da iniciativa privada – e sugerem a criação de Metas de Sustentabilidade para vários temas. Eles querem ainda uma melhor cooperação entre instituições do planeta (cooperação Norte-Sul).
Cúpula da ONU – Sobre a Rio+20, a declaração afirma que é uma oportunidade em um momento crucial para o mundo.
“Os países precisam superar as barreiras do progresso e se deslocarem para um sistema de governança global eficaz, com uma política eficaz nos pilares social, ambiental e econômico”, diz o documento.
De acordo com o professor Carlos Joly, que coordena o programa Biota da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e participou da conferência, a declaração será encaminhada à comissão das Nações Unidas que negocia os temas da Rio+20.
O trâmite será feito pelo Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, na sigla em inglês), considerado representante da comunidade científica na ONU.
“O documento será levado para aqueles que trabalham na segunda versao do ‘Rascunho Zero’, bem como será encaminhado à mesa da reunião do Rio de Janeiro”, disse.
Em andamento – As negociações da segunda versão do “Rascunho Zero” da Rio+20 se encerraram nesta semana, em Nova York, nos Estados Unidos. De acordo com o assessor do Ministério do Meio Ambiente para a Rio+20, Fernando Lyrio, o documento final da conferência “avançou”, mas ainda existem entraves quando o dinheiro se torna o principal ponto do debate.
Em entrevista ao Globo Natureza, ele afirma que já existe consenso entre países sobre a necessidade de mais ambição no documento, porém, divergências continuam quando o dinheiro – de onde virá e onde será aplicado – se torna o tema principal.
A Rio+20 será realizada em duas etapas em junho, no Brasil. De 13 a 15, ocorre a última rodada de negociações informais, enquanto que de 20 a 22 acontece o Segmento de Alto Nível, que deve reunir chefes de estado para assinar o acordo final da conferência. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)