O Brasil precisa pensar estratégias de desenvolvimento específicas para a Amazônia e “nacionalizá-la”, na opinião de Caetano Scannavino, ambientalista especialista em Amazônia. Coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria, baseada em Santarém (PA), ele participou nesta semana do seminário “No caminho da Rio+20”, no Rio, promovido pela Fundação Konrad Adenauer, da Alemanha.
De acordo com ele, paulista há 24 anos na região amazônica, o governo brasileiro deve desenvolver projetos específicos com vistas às peculiaridades da região, onde falta infraestrutura e as distâncias são muito grandes.
“Do ponto de vista prático, para se dar atenção de saúde primária, é preciso andar dois dias de barco, por exemplo. A logística da distribuição de merenda escolar, de vacinação, não podem ser as mesmas de um município no Sudeste. Os custos são muito mais altos do que no resto do país para se incluir a população da floresta em áreas remotas”, disse.
“Não existe uma estratégia diferenciada para compensar essas peculiaridades. Gasto pouco mais da metade que em outros lugares”, afirmou Scannavino.
Segundo ele, é preciso “nacionalizar a Amazônia”, no sentido de o País se apropriar dela e trazer desenvolvimento para a população nativa. Ele lembra que, apesar de muitas vezes a ideia ser de que a Amazônia é uma área pouco habitada, 25 milhões de pessoas vivem na região, sendo 20 milhões em cidades na região amazônica.
Scannavino admite que já há avanços na redução do desmatamento na região, graças à implantação de mecanismos de controle ambiental mais eficientes e à pressão da sociedade e do governo, mas ainda é muito grande. De acordo com dados oficiais, em 2011 foram desmatados 6.200 km2 de florestas na região, em comparação com 27.772 km2 em 2004, queda de 77,6% em sete anos. (Fonte: Raphael Gomide/ Portal iG)