As emissões de dióxido de carbono resultantes do desmatamento da Amazônia caíram 16% em 2012 com relação a 2011, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira (21).
O período medido vai de agosto de 2011 a julho de 2012, mesmo intervalo avaliado no ano passado. O desmatamento da Amazônia neste ano resultou na emissão de 352 milhões de toneladas de CO2, menos que os 420 milhões liberados na atmosfera no ano passado, de acordo com o Inpe.
O valor emitido neste nao, no entanto, é ainda maior do que o estimado anteriormente pelo pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto – 245,3 milhões de toneladas de CO2 para este ano, conforme adiantou o G1.
Segundo o monitoramento anual do Inpe, foram desmatados 4.656 km² da Amazônia entre agosto de 2011 e julho de 2012, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. É a este desmatamento que corresponde a emissão de CO2, um dos gases causadores do efeito estufa, divulgada pelo Inpe.
O tamanho do desmatamento é 27% menor que o registrado anteriormente, no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²). Foi a menor taxa desde que o Inpe começou a fazer a medição, em 1988.
Número positivo – O número é positivo e está dentro do esperado, segundo o cofundador e pesquisador sênior do Imazon, Beto Veríssimo.
“A gente saiu de quase uma gigatonelada de CO2 [986 milhões de toneladas] liberadas em 2004 para 352 milhões em 2012, então reduziu bastante. Isso mostra a importância na redução do desmatamento da Amazônia para as emissões de carbono no Brasil”, diz o pesquisador.
Veríssimo ressalta ainda que cerca de metade do CO2 liberado na atmosfera no Brasil vem da destruição da floresta. “O Brasil tem um compromisso de reduzir as emissões até 2020 e vai ser capaz de atingir essa meta mesmo com as indústrias produzindo mais e com maior consumo de combustível fóssil”, afirma.
Avançar ainda mais – A queda nas emissões e no desmatamento da Amazônia são dados importantes, mas é preciso avançar ainda mais, segundo Veríssimo. O sistema de transportes, a matriz de produção energética e o setor industrial podem ser mais eficientes, de forma que também haja redução na liberação de CO2 nestes setores, pondera o pesquisador.
“Reduzir o desmatamento não tem um custo grande para o Brasil. Além de haver ganho ambiental, o país ganha economicamente”, pondera Veríssimo, ressaltando que a parte cumprida até agora é a “mais fácil”. O pesquisador diz que é possível avançar mais na redução da devastação da floresta, inclusive.
“A expectativa é que nos próximos anos a emissão de CO2 fique abaixo de 200 milhões de toneladas”, se a redução no desmatamento continuar, avalia Veríssimo.
Comparação com oito anos – Segundo o programa do Inpe que mede a emissão de CO2, o chamado Inpe-EM, houve queda de 64% na quantidade de dióxido de carbono liberado no ar na comparação com intervalo de oito anos, entre o período de agosto de 2003 e julho de 2004 e o de agosto de 2011 e julho de 2012.
A estimativa do Inpe-EM deve ser atualizada após a divulgação dos dados consolidados do sistema Prodes em 2013, quando também serão apresentados os dados de emissão por estado, segundo o instituto.
Árvores derrubadas – Usando os dados do Inpe, o pesquisador Paulo Barreto estimou que foram derrubadas 232,8 milhões de árvores na Amazônia entre agosto de 2011 e julho de 2012 – o que equivale a cortar mais de uma árvore por habitante do país.
Além disso, foram afetados pelo desmatamento cerca de 8,3 milhões de aves e 270 mil macacos, segundo Barreto. Para chegar ao número de animais atingidos, o pesquisador disse ter usado previsões que constam em um estudo do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Segundo o governo federal, a estimativa de 4.656 km² de desmatamento indicada pelo Prodes possui margem de erro de 10%, e os dados finais do levantamento devem ser divulgados no próximo ano.
As informações do Prodes consolidam dados coletados ao longo de um ano por satélites capazes de detectar regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares. São computadas apenas áreas onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada corte raso. (Fonte: Rafael Sampaio/ Globo Natureza)