Cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) apresentaram nesta terça-feira (24) o primeiro mapa topográfico que reflete a variação da espessura do gelo no Ártico ao longo do ano, dado de extrema importância para se conhecer a velocidade do aquecimento global.
O mapa, exibido na instituição científica britânica Royal Society, foi criado a partir de imagens registradas pelo satélite CryoSat-2 e mostra de forma dinâmica e detalhada a espessura das camadas de gelo no oceano Ártico e da Groenlândia.
“Há dois anos, a diminuição da extensão dos gelos no Ártico bate novos recordes. A tendência é muito clara: estão derretendo, e muito mais rápido do que o previsto”, explicou hoje Volker Liebig, diretor do Programa de Observação da Terra da ESA.
“É possível que antes de meados deste século o Ártico esteja livre de gelo durante o verão, e por isso ele será navegável”, previu Liebig, que também destacou a importância estratégica da região, que abriga entre 15% e 20% das reservas mundiais de gás e petróleo.
O degelo acelerado, fruto da elevação das temperaturas nas regiões do Ártico nos últimos cinquenta anos, acelerará por sua vez o aquecimento global, advertiu Liebig.
O satélite CryoSat-2 foi lançado no espaço em abril de 2010, no que pode ser considerada a primeira missão espacial europeia dedicada à monitoração dos gelos no Ártico, o que será feito durante um período de três anos, que pode ser ampliado.
Quando os cientistas planejaram seu lançamento, o objetivo era averiguar se as variações na espessura do gelo da região eram causadas pela mudança climática ou apenas decorrência das estações do ano, explicou à Efe Duncan Wingham, investigador do Natural Environmental Research Council.
“O CryoSat nos proporcionará medidas detalhadas para entender a velocidade do degelo e nos permitirá entender melhor como este processo afeta a circulação oceânica no Ártico”, afirmou Wingham.
Em junho de 2011, o CryoSat-2 disponibilizou as fotografias que permitiram elaborar o primeiro mapa da espessura do gelo no oceano Ártico, mas esta é a primeira vez que a variação das estações do ano é levada em conta.
A comunidade científica já comprovara a diminuição anual da extensão dos gelos árticos por causa da mudança climática, mas o CryoSat-2 mede sua espessura tanto em terra como sobre o oceano, o que não tinha sido feito de forma global até o momento.
Para obter estes dados, o satélite utiliza um altímetro de última geração e é capaz, além disso, de registrar imagens através das nuvens e na escuridão, o que é de grande utilidade para retratar uma região exposta a duras condições meteorológicas durante grande parte do ano.
Com os resultados do projeto, no qual participam cerca de 150 cientistas (um quarto deles britânicos) de doze universidades e nove institutos de pesquisa, os analistas esperam elaborar mapas detalhados da evolução da espessura do gelo ano a ano.
A publicação do mapa faz parte da celebração do 50º aniversário da presença britânica no espaço. (Fonte: Portal iG)