Um grupo de alunos do ensino médio de escolas públicas do Rio vai apresentar durante o Pop Ciência, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), um mapa georreferenciado. O mapa cruza dados sociais com coordenadas geográficas, apontando problemas socioambientais diagnosticados nas comunidades onde vivem os estudantes: Maré, Manguinhos e Jacaré, todas na zona norte da cidade.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com jovens de Moçambique, na África, por meio do CEnaRios – versão em português para Science Centers Engagement and the Rio Summit. Trata-se de um desafio internacional lançado pela Associação de Centros de Ciência e Tecnologia, organização internacional sem fins lucrativos que reúne 600 instituições de várias nacionalidades a centros de pesquisa de 12 países. Esses centros convocaram representantes da juventude para desenvolver projetos sobre desafios globais e os impactos locais. No Brasil, o único participante é o grupo carioca, vinculado ao Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os resultados dos projetos, cujos temas são acesso à água potável e alternativas sustentáveis de consumo de energia e saúde, serão apresentados por meio de videoconferência com a participação de todos os jovens contemplados pelo CEnaRios.
As descobertas estão sendo narradas em um blog, no qual jovens brasileiros e moçambicanos trocam experiências e informações. No blog, a estudante Taize Fagundes, 16 anos, diz que em Manguinhos, onde mora, há “muitos pontos negativos, mas também não podemos esquecer dos pontos positivos”. Entre os negativos, ela cita a truculência de policiais que “acabam matando pessoas inocentes”, os alagamentos em caso de chuva, o esgoto a céu aberto e “lixo pra todo lado”, além do tráfico de drogas que, segundo a menina, é explícito.
Mayara Lima, 17 anos, moradora da Maré, destacou que em sua comunidade os principais problemas são a falta de “infraestrutura das passagens pelas pontes, o saneamento básico e a educação”, além da presença do tráfico.
Já Mariane Cavalcante, que também mora na Maré, destacou que a mudança que procura é a “que faça bem para todos”. “Devemos pensar uns nos outros, se isso acontecer vamos enxergar as diferenças, mas abandonar preconceito ou recriminação seja por cor, ou por dinheiro, todos devemos ser respeitados e também respeitar. Devemos buscar a mudança que faça bem para todos, que é salvar o planeta”, destacou.
A apresentação do documento ocorrerá no dia 19 de junho, às 14h, no Armazém 4, do Cais do Porto. O Pop Ciência na Rio+20 é gratuito e aberto a todo o público. O evento foi criado pelo Grupo de Trabalho Popularização da Ciência na Rio+20, do qual participam o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto Brasileiro de Museus e a Fiocruz, entre outros. (Fonte: Thais Leitão/ Agência Brasil)