ONGs de conservação marítima dizem que faltou compromisso à Rio+20

Membros da High Seas Alliance, parceria de várias organizações que lutam pela conservação dos oceanos, ficaram profundamente desapontados com a decisão de se adiar ação para proteção do alto mar no rascunho do texto final da Rio+20 apresentado nesta terça-feira (19).

Segundo a High Seas Alliance, os negociadores adotaram texto mais fraco do que o que estava sendo discutido nas conferências paralelas entre pesquisadores. Em referência à parte do texto sobre oceanos que aborda uma estrutura de governança esperada há muito tempo, membros da HSA comentaram: “Os negociadores usaram 118 palavras, mas poderiam ter usado apenas quatro, com o mesmo sentido: ‘Não estamos fazendo nada'”, dizia nota.

A High Seas Alliance classificou a coalizão que reuniu Estados Unidos, Canadá, Japão, Venezuela e Rússia como “do contra”. Foi este grupo que pressionou para a Rio+20 não definir sistemas de implantação de proteção marítima, postergando qualquer ação por mais três anos, acusou a organização.

“Não há compromisso. É como dizer para a sua namorada que em três anos você vai se decidir sobre se casar ou não. Não temos tempo para besteiras; os oceanos não têm tempo”, disse Susanna Fuller, membro da organização.

O único motivo para otimismo, segundo a High Seas Alliance, é o tamanho do apoio dado por alguns governos à defesa dos oceanos, o que pode e que continuará após a Rio+20. “Há resultados importantes no texto em relação à pesca, pesca ilegal, subsídios nocivos. Líderes de governo deveriam usar seu espaço para discurso e intervenções aqui no Rio para assumir compromissos firmes de adotar estas decisões e se comprometer com ações urgentes pelos oceanos”, afirmou Sue Lieberman, do Pew Environment Group.

Sobre a Rio+20 – Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento se prepara para ingressar na etapa definitiva. De quarta até sexta, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro. (Fonte: Portal Terra)