Tubarão-baleia ‘suga’ rede de pesca e engole pílula que rastreia animais

Ambientalistas da organização ambiental Conservação Internacional (CI) divulgaram nesta terça-feira (17) imagens feitas em junho de um espécime de tubarão-baleia (Rhincodon typus) sugando pequenos peixes que estavam em uma rede de pesca, em Papua, uma província da Indonésia.

De acordo com os pesquisadores, que disponibilizaram um vídeo no YouTube sobre o fato, esse hábito dos tubarões-baleia, classificado como “único”, facilitou um trabalho de monitoramento realizado por integrantes da CI e do WWF-Indonésia (veja o vídeo).

Juntamente com os peixes, foram colocados pequenos radiotransmissores em formato de pílulas, que, após ingeridos, vão fornecer informações aos ambientalistas sobre o tamanho da população desta espécie na região de Papua e, ao mesmo tempo, sobre o movimento desses indivíduos ao longo dos próximos anos.

Em junho, 30 exemplares foram “marcados”, ou seja, engoliram os transmissores. De acordo com os pesquisadores, a maioria desses tubarões eram do sexo masculino e mediam entre 3 e 8 metros de comprimento.

A espécie costuma viver em mares quentes e pode chegar a medir até 20 metros e pesar 13 toneladas. Identificado em 1828, o tubarão-baleia se alimenta de plâncton, macro-algas, além de invertebrados e pequenos polvos. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), este animal é classificado como vulnerável na natureza.

Pesquisa também é feita no Brasil – Um dos projetos científicos desenvolvidos no arquipélago de São Pedro e São Paulo, localizado a 1.100 km da costa brasileira, é a observação de exemplares desta espécie.

Desde 1998, quando a estação científica no conjunto de ilhas foi inaugurada, estudiosos do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) passaram a registrar a presença desses animais, que podem medir entre dois metros e 17 metros, por meio do “Projeto Tubarão-baleia”, conduzido pelos cientistas Fábio Hazim e Bruno Macena.

A partir de 2008, esses animais passaram a ser monitorados com a ajuda de satélites.

Para isso, rastreadores foram implantados em ao menos dez exemplares e vão contribuir no mapeamento da espécie na costa brasileira, além de identificar áreas importantes no ciclo de vida de tubarões-baleia jovens e adultos.

O tubarão-baleia se alimenta principalmente de zooplâncton, mas ovos e larvas de peixes e invertebrados, além de lulas, também fazem parte de sua dieta. Tudo isso é encontrado em abundância nesta região brasileira, afirmam os pesquisadores. Tanto que em São Pedro e São Paulo já foram registrados 150 espécimes desde o ano 2000, dos quais dez foram identificados por fotos.

Entre fevereiro e março deste ano, o G1 esteve na região considerada mais inóspita do país, onde é possível se chegar apenas por navio e que é classificada por cientistas como uma das áreas mais promissoras para a pesquisa, devido à diversidade de espécies e de informações geológicas.

Com uma área de 17 mil m² e apenas 18 metros de altitude, São Pedro e São Paulo é um território guardado pela Marinha do Brasil, que mantém funcionando no local uma estação científica habitada constantemente por pesquisadores de diversas universidades. (Fonte: Globo Natureza)