O hábito humano de caçar e coletar alimentos começou há aproximadamente 44 mil anos, segundo um novo estudo feito na África do Sul e publicado nesta segunda-feira (30) na revista científica americana “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
Os novos achados revelam que o uso de pigmentos, gravuras e ferramentas sofisticadas de pedra e ossos já estavam presentes na região há 75 mil anos, mas muitos desses artefatos acabaram sumindo há 60 mil anos e só foram reaparecer e se consolidar por volta de 44 mil anos atrás.
O arqueólogo Francesco d’Errico, da Universidade de Bordeaux, na França, e colegas analisaram uma linhagem de objetos atribuídos aos povos primitivos San, também conhecidos como “Bushmen”. Essa civilização, como acreditam os autores, pode ter sido a responsável por desenvolver e difundir a cultura moderna.
Até então, a maioria dos arqueólogos acreditava que a adaptação cultural dos San havia surgido há 20 mil anos, mas agora se conclui que ela é anterior. No passado, eles formaram um grupo numeroso, mas hoje não passam de 100 mil em todo o continente africano. Além da África do Sul, as comunidades mais numerosas estão em Angola, Namíbia e Botsuana.
Os cientistas avaliaram objetos descobertos no sítio arqueológico Border Cave, localizado entre as províncias de KwaZulu-Natal e Swaziland. Entre as peças descobertas, estão ornamentos feitos de conchas e cascas de ovos de avestruz, armas de ossos, pedaços de madeira para escavação, pontas de flechas e um aplicador de veneno fabricado em madeira há 24 mil anos, que ainda contém resíduos tóxicos de mamonas venenosas – frutos cuja semente pode ser mortal, por causa da liberação de um ácido chamado ricinoleico.
Também foram achados restos de uma mistura contendo cera de abelha, a resina de uma planta do gênero Euphorbia e ovos. Os autores acreditam que esse composto – um dos mais antigos a usar cera de abelha – serviu possivelmente para fixar o cabo de uma ferramenta.
Outras pesquisas conduzidas na última década têm comprovado que as populações que habitavam o sul e o norte da África, além do Oriente Próximo, já promoviam inovações culturais há pelo menos 80 mil anos. (Fonte: G1)