O furacão Isaac foi rebaixado esta quarta-feira para tempestade tropical, mas suas fortes chuvas continuam castigando Nova Orleans, enquanto o primeiro morto foi reportado no estado da Louisiana.
“O Isaac caiu para tempestade tropical, embora ainda haja a possibilidade de (provocar) perigosas cheias e inundações”, informou o Centro Nacional de Furacões (CNH, na sigla em inglês) americano, em seu último relatório.
Sete anos depois do devastador furacão Katrina, as autoridades determinaram a evacuação de três mil pessoas na localidade de Plaquemines, arredores de Nova Orleans, a zona mais afetada pela tempestade, que ainda causa rajadas de ventos de 113 km/h e chuvas muito fortes, provocando inundações.
Pelo menos uma pessoa morreu na passagem do Isaac pela Louisiana, informou o governador Bob Jindal, citando informes não confirmados. Milhares de pessoas estão sem energia elétrica, enquanto outras foram forçadas a esperar por socorro em tetos e sótãos.
“Ainda há riscos mortais de grandes ondas e inundações terra adentro”, advertiu o CNH.
Tornados isolados também podem ocorrer ao longo do litoral do Golfo do México e às margens do rio Misisippi, acrescentou.
A tempestade estava 80 km a sudoeste de Nova Orleans e 90 km a sudeste de Baton Rouge, capital do estado, e se dirigia para o noroeste a 9 km/h. O olho do Isaac deverá passar pelo interior da Louisiana entre quarta e quinta-feira, antes de chegar ao sul do estado do Arkansas, na manhã de sexta.
O governo está fazendo “tudo o possível” para ajudar as vítimas da tempestade, afirmou nesta quarta o presidente Barack Obama, que está em plena campanha na cidade de Charlottesville, Virgínia (leste). “Nossos pensamentos estão com vocês”, disse.
O candidato republicano à Casa Branca, Mitt Romney, declarou que seus “pensamentos” estavam “com as pessoas dos estados (ribeirinhos) do Golfo” do México varridos pelo Isaac.
“Aprecio vosso convite a um ato em terras secas”, afirmou Romney, em discurso proferido em Indiana (norte), aonde o candidato chegou vindo de Tampa (Flórida, sudeste), onde se realiza a convenção do seu partido.
Segundo as primeiras estimativas do simulador de desastres Eqecat, o Isaac poderá causar perdas da ordem de US$ 2,5 bilhões em terra e na costa de Louisiana e arredores.
As cifras podem aumentar à medida que chegarem mais informações, mas os danos causados pelo Isaac não chegariam perto dos US$ 125 bilhões de perdas na passagem do furacão Katrina, que devastou a costa americana do Golfo do México em 2005.
O serviço de meteorologia reportou um aumento do nível do mar de três metros em algumas regiões da Louisiana e advertiu que as fortes chuvas poderiam provocar “inundações significativas em áreas baixas” deste estado, o sul do Mississippi e o sudoeste do Alabama.
Na Louisiana, o Isaac, que na terça-feira era um furacão de categoria 1, chegou acompanhado de chuvas torrenciais e ventos fortes; em Nova Orleans, aonde ainda não chegou o olho da tempestade, foram registradas rajadas de vento superiores a 110 km/h perto do aeroporto, causando o cancelamento de todos os voos previstos para terça e quarta.
O nível das águas subiu repentinamente até 3,6 metros em algumas casas de um setor residencial, disse à CNN Billy Nungesser, presidente do condado.
Como Isaac avança “lentamente”, as autoridades temem fortes inundações, com precipitações de 250 mm a 400 mm e “inclusive mais”, disse à imprensa o prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu.
Após o rompimento de linhas elétricas provocada pelo vento, mais de 512.000 lares na Louisiana estavam sem energia na manhã desta quarta-feira, informou a companhia Entergy Louisiana.
As autoridades se mostram otimistas, assegurando que desta vez Nova Orleans escapará do pior graças aos bilhões de dólares usados no reforço dos diques e nos sistemas de bombeamento nos últimos sete anos.
O sistema anti-inundação construído em torno de Nova Orleans após a passagem do Katrina, com 560 km de diques com paredes corrediças contra as cheias e 78 estações de bombeamento, se revelou resistente, assegurou esta quarta-feira o corpo de engenharia do exército.
“Temos confiança neste sistema”, reforçou o organismo em um comunicado, destacando que os diques que ficaram submersos no condado de Plaquemines (Louisiana) por causa do Isaac não fazem parte desta rede.
“Isto nos traz lembranças”, afirmou Melody Barkum, de 56 anos, que passou vários dias ilhada em um teto à espera da chegada dos socorristas após a passagem do Katrina, que inundou 80% da cidade. “Se sobrevivi ao Katrina, posso sobreviver a isto”, disse à AFP.
Mais de 33.500 membros da Guarda Nacional e cerca de 100 aviões e helicópteros estão prontos para intervir nos quatro estados ameaçados pelo furacão: Flórida, Alabama, Mississippi e Lousiana.
Na Louisiana, mais de 4.000 membros da Guarda Nacional estavam mobilizados e 48 equipes de socorro com botes, prontas para ajudar os afetados. (Fonte: G1)