Tartarugas e tracajás têm encontrado dificuldade em desovar na Ilha do Búfalo, em Jacy- Paraná, a 80 quilômetros de Porto Velho, por causa do alto nível da água no Rio Jacy. Com a cheia em pleno verão amazônico, biólogos e pesquisadores se preocupam com os quelônios que não têm encontrado local adequado para se reproduzir. Não tendo onde desovar, as tartarugas e tracajás correm o risco de voltar para a lista de animais em extinção.
A Ilha do Búfalo recebeu este nome porque em 1980 um agricultor levou 20 cabeças deste animal para criar no local, e muitos dizem que eles ainda vivem de forma selvagem pela ilha. Entretanto, também é bastante conhecida como ponto de desova dos quelônios. O local tem seis quilômetros de comprimento por dois de largura, e na época da seca, formava uma grande praia, ideal para a reprodução dos animais.
Leonardo Cruz é gestor ambiental e faz levantamentos constantes na região, que é monitorada há anos pela Associação Étnico-ambiental Kanindé. Ele conta o que mudou. “Eles tentam subir para o barranco, mas ele está muito íngreme, tem muita vegetação e o solo está mais duro, dificultando a reprodução”, explica.
A bióloga Neide Faccin, que faz parte da organização não governamental (ONG) Raiz Nativa, conta que o local atende a todo o ritual dos quelônios. “Esses animais não fazem a postura dos ovos na água, eles sempre procuram um local adequado para esses ovos nascerem. Eles fazem a cova na areia, fazem a postura para que fiquem em local úmido e fiquem protegidos”, diz.
Os quelônios necessitam do sol para sobreviver. No caso deles, em especial, é o sol que ajuda a manter o casco, a carapaça saudável. Para suprir essa deficiência os animais tentam encontrar alternativas, como subir em troncos de árvores que ficam próximos ao rio. Ainda assim, a praia ainda é o ambiente ideal para secarem ao sol.
Nos troncos eles ficam muito a mostra e viram presas fáceis de predadores, dificultando uma aproximação. Roberto Torres usa o rio como estrada e já sentiu uma redução no número de animais. “Antes nós víamos muito. Agora, só vemos alguns por perto das margens”, conta.
Compensação – A dificuldade na desova pode trazer problemas para a espécie. Com dificuldade em se reproduzir, as tartarugas e tracajás podem voltar para a lista de animais em extinção. A bióloga Neide comenta. “Com esse problema das praias e a alimentação humana predatória, pode causar sérios danos à espécie”, diz.
A localidade também é visitada por capivaras. É possível encontrar diversas marcas de pegadas na beira do que sobrou da praia, mostrando que o bando mora no local é grande.
O gestor ambiental Leonardo fala sobre o que poderia ser feito. “A medida de proteção que poderia ser feita, é construção de uma praia artificial queseria área protegida, como compensação ambiental para que os quelônios e outros animais possam se reproduzir e desenvolver”, explica. (Fonte: G1)