Uma grande conferência das Nações Unidas concebida para proteger os recursos naturais do planeta começou nesta segunda-feira (8) na Índia com apelos para assegurar que a biodiversidade não se torne uma vítima da crise financeira global.
Representantes de mais de 170 países se reúnem na cidade de Hyderabad nos próximos 12 dias em uma reunião de cúpula da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), um dos tratados resultantes da Cúpula da Terra, realizada em 1992 no Rio de Janeiro.
Especialistas ambientais da ONU alertaram que o mundo tem apenas uma década para evitar uma extinção das espécies, que também representa uma ameaça à Humanidade. Mais de vinte anos depois da Rio-92, o secretário-executivo da CBD, o brasileiro Bráulio Ferreira de Souza Dias, admitiu que ainda é difícil convencer os governos a colocarem a biodiversidade no centro das agendas de desenvolvimento.
“A biodiversidade não deveria ser percebida apenas como um problema, mas sim pelo que realmente é: um recurso crucial que fundamenta o desenvolvimento sustentável e está estreitamente ligado com muitas questões socioeconômicas”, disse o brasileiro a delegados. “Sim, estamos vivendo momentos de crise financeira, mas tempos de crise são a melhor oportunidade para promovermos mudanças substanciais na forma como fazemos negócios”, prosseguiu.
“Gastos em biodiversidade não devem ser vistos como custos, devem ser vistos como investimentos que darão retorno em significativos benefícios ambientais, econômicos e sociais para todas as nossas sociedades”, concluiu.
Quase a metade das espécies de anfíbios, um terço dos corais, um quarto dos mamíferos, um quinto de todas as plantas e 13% das aves do planeta correm risco de extinção, segundo a “Lista Vermelha” compilada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
A última conferência da CBD, celebrada em Nagoya, no Japão, adotou em 2010 um plano de 20 pontos para reverter a perda da biodiversidade até 2020. Mas desde então tem sido uma luta levantar centenas de bilhões de dólares necessários para financiar tal compromisso em um momento em que o mundo desenvolvido se encontra em dificuldades econômicas.
O ministro indiano do Meio Ambiente, Jayanthi Natarajan, disse que o fracasso em financiar a proteção da biodiversidade significaria um preço maior a pagar no longo prazo. “Os gastos com a biodiversidade precisam ser vistos na verdade como um investimento que terá benefícios para nós e para as gerações futuras”, afirmou.
“A atual crise econômica global não deve nos deter, mas ao contrário, deve nos encorajar a investir mais para aprimorar o capital natural de forma a garantir que os serviços dos ecossistemas, dos quais depende toda a vida na Terra, se mantenham ininterruptos”, destacou o ministro.
Jane Smart, diretora da União Internacional para a Conservação da Natureza, afirmou que os países deveriam deixar de ver a proteção ambiental como um peso financeiro. “Investir em infraestrutura natural é uma relação de custo-benefício para responder às necessidades humanas de longo prazo, assim como uma economia estável e a geração de empregos”, disse. Mas “em um momento de crise econômica global, é um investimento que percorrerá um longo caminho”, admitiu ela. (Fonte: Portal Terra)