Armadilhas fotográficas instaladas no interior da reserva extrativista Alto Parauacá, no Acre, registraram mais de 1.500 animais que vivem na floresta amazônica, sendo que 908 são mamíferos de médio e grande porte de 22 diferentes espécies – algumas ameaçadas de extinção.
As fotos fazem parte do primeiro censo de animais que pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC) e do grupo de pesquisa sobre comunidades tradicionais do Instituto Chico Mendes (ICMBio) realizam no local, com o objetivo de avaliar a criação de uma área protegida de ações como desmatamento e caça predatória, que ameaçam a biodiversidade da região.
De acordo com Rosenil Dias de Oliveira, coordenadora do projeto “Caça de subsistência”, na reserva é possível encontrar espécies como o veado-vermelho, a onça-vermelha, além da anta, o tamanduá-bandeira e a onça-pintada (os três últimos correm risco de desaparecer da natureza).
A investigação científica, que ainda está em andamento, analisa o impacto da caça para subsistência de 348 famílias que vivem no interior da reserva, e quer conhecer melhor como essas pessoas utilizam os animais amazônicos para fins medicinais.
Ela afirma que moradores da área caçam também para extrair dentes de bichos como a queixada e o veado. “A presa da queixada é utilizada para a produção de chás que, segundo a cultura tradicional, curam pneumonia. Já o dente do veado serve para produzir um chá que fortalece o dente de bebês”, explica a pesquisadora.
“Queremos descrever toda essa função cultural, além de mapear a área que funcionará como refúgio das espécies silvestres, colocando restrições para as famílias e aumentando a fiscalização contra a caça predatória”, explica.
A reserva, que tem 1.600 km² (área pouco maior que o tamanho do município de São Paulo), e sofre constantes invasões de moradores da região em busca dos recursos da floresta.
Rosenil afirma que muitos animais são capturados e vendidos, prejudicando o equilíbrio das espécies. Segundo ela, o estudo vai traçar alternativas de como gerir melhor a reserva e quais são as principais áreas que devem receber uma maior fiscalização. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)