Cerca de 400 espécies de animais e vegetais foram incorporadas à lista de espécies que correm risco de desaparecer da natureza da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), de acordo com o anúncio feito nesta quarta-feira (17) durante a Conferência das Partes (COP 11) da Biodiversidade, em Hyderabad, na Índia.
A cúpula das Nações Unidas iniciou nesta quarta o segmento de Alto Nível, que deve prosseguir até a próxima sexta-feira (17), reunindo mais de 70 ministros do Meio Ambiente de países que integram a Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CBD). A ministra Izabella Teixeira, do Brasil, também participa do encontro.
A atualização da lista vermelha da IUCN abrange 65.518 espécies. Deste total, 20.219 estão em perigo de extinção, 4.088 espécies estão criticamente ameaçadas, 5.919 em perigo e 10.212 vulneráveis na natureza. Foi anunciado ainda que uma barata das Ilhas Seychelles e uma espécie de caracol de água doce passaram a integrar a categoria de espécies extintas.
Os especialistas da IUCN afirmaram também ainda que a situação das palmeiras de Madagascar, na África, é aterrorizante. A ilha conta com 192 espécies de palmeiras endêmicas, das quais mais de 80% estão em perigo de extinção.
Algumas comunidades, entre elas as mais pobres, dependem dessas árvores para obter alimentos e materiais de construção. O possível desaparecimento se deve, principalmente, ao desmatamento das terras para a agricultura e exploração de florestas.
Madagascar é prioridade absoluta – A Tahina, ou “palmeira suicida”, foi considerada criticamente ameaçada de extinção, estágio que antecede seu desaparecimento total. Segundo a IUCN, existem apenas 30 exemplares desta espécie de palmeiras gigantes na ilha.
Outro estudo publicado na segunda-feira (15) ressaltava que os lêmures de Madagascar figuram entre os primatas mais ameaçados do planeta, devido à destruição de seu habitat e à caça. “Madagascar é uma região de uma prioridade absoluta” para a biodiversidade, disse Russell Mittermeier, especialista da ilha e presidente da ONG Conservation International.
Negociações problemáticas – A negociação diplomática na COP 11 da Biodiversidade trata de temas delicados como a disponibilização de recursos de nações ricas para que países pobres mantenham suas florestas em pé e recursos naturais intactos, além de planejar formas de aumentar a conservação de ambientes marinhos e terrestres, conciliando com o desenvolvimento econômico.
De acordo com a agência de notícias “France Presse”, as discussões, iniciadas no dia 8 de outubro em nível técnico, fracassam principalmente ao chegar à questão dos compromissos financeiros que podem ser tomados para alcançar os 20 objetivos para 2020, fixados em Nagoya (Japão), em 2010.
Especialistas encarregados de aconselhar os negociadores contabilizaram estas necessidades entre os US$ 150 bilhões e os US$ 440 bilhões por ano, explicou nesta quarta o economista Pavan Sukhdev, autor de um relatório sobre o valor econômico dos serviços proporcionados pela natureza. Os financiamentos públicos e de patrocínio a favor da biodiversidade são estimados atualmente em cerca de US$ 10 bilhões. (Fonte: Globo Natureza)