Para o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), existe um vínculo provável entre as mudanças climáticas e os furacões.
A organização prevê que estes fenômenos serão mais intensos no século XXI, embora a questão seja objeto de intenso debate entre os especialistas.
“A pesquisa científica sobre o impacto das mudanças climáticas nos furacões é um tema que continua em aberto”, declarou Serge Planton, encarregado do grupo de pesquisas climáticas do serviço meteorológico francês Meteo France.
Para ele, “a complexidade do fenômeno – um furacão depende da temperatura da superfície do mar, mas também da estrutura dos ventos em todo o volume da atmosfera – não responde de forma linear, simples, ao aquecimento global”.
Em seu último relatório sobre eventos climáticos extremos, o IPCC considera difícil assegurar que tenham aumentado a intensidade, a frequência ou a duração dos furacões nos últimos 40 anos, quando se iniciaram as observações por satélite.
No entanto, no Atlântico Norte, onde Sandy se originou, “aumentou o número de furacões, em particular os de maior envergadura”, avaliou a agência nacional americana oceânica e atmosférica (NOAA).
“Quarenta anos é muito pouco tempo para tirar conclusões” relativas à possível incidência das mudanças climáticas neste aumento, avaliou Planton.
No entanto, um estudo publicado nesta terça-feira na revista Proceedings, da Academia de Ciências dos Estados Unidos (PNAS), tende a confirmar esta incidência do aquecimento global.
Após reconstituir as variações do mar no Golfo do México desde 1923, os investigadores chegaram à conclusão de que “as temporadas de ciclone dos anos quentes foram mais ativas do que as dos anos frios”.
Com base em modelos, o IPCC considera “provável” que não haja mais ciclones ou que inclusive haja menos, mas que sejam mais intensos, mais chuvosos e com mais ventos.
Embora os estudos disponíveis sobre o Atlântico Norte tendam a confirmar estes prognósticos, “há uma incerteza sobre estas projeções e são necessárias outras pesquisas”, afirmou a NOAA.
No entanto, para Tom Mitchell, encarregado do tema no Instituto de Desenvolvimento de Ultramar britânico, há “já muita coerência entre o que se vê no mundo e os prognósticos do IPCC sobre os eventos extremos”. (Fonte: Portal iG)