Os dez primeiros meses de 2012 já são considerados como o nono período mais quente desde que as medições começaram a ser feitas, na segunda metade do século 19, mesmo com a ocorrência do fenômeno La Niña, responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (28) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que lançou novo relatório devido à realização da conferência climática da ONU, a COP 18, em Doha, no Qatar.
De acordo com o documento, o ano de 2012 deve registrar novo recorde de calor até o seu final e já ficou marcado pela ocorrência de fenômenos climáticos extremos em todo o mundo, principalmente no Hemisfério Norte, que sofreu com grandes ondas de frio, de calor, além de um degelo do Ártico sem precedentes.
“A extensão do gelo do Ártico atingiu um novo recorde negativo. A taxa alarmante do degelo deste ano destaca as profundas mudanças que ocorrem nos oceanos e na biosfera”, disse Michel Jarraud, chefe da OMM.
O Centro Nacional da Neve e do Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês) anunciou que em 16 de setembro o território congelado do Ártico era de 3,41 milhões de km², número muito menor se comparado ao último recorde negativo registrado em 2007, quando restaram apenas 4,17 milhões km² (houve perda de 760 mil km² a mais que naquele ano).
No geral, houve uma perda de 11,8 milhões de km² desde 20 de março deste ano – considerada pelos cientistas a maior perda de gelo durante um verão detectada por satélites.
Resfriamento não impediu aumento da temperatura – O relatório aponta ainda que efeitos naturais de resfriamento, como o La Niña, “não alteram a tendência de aumento da temperatura global a longo prazo devido à mudança climática, resultante das atividades humanas”.
O documento aponta que a superfície do oceano nos primeiros nove meses de 2012 ficou 0,45 ºC acima da média registrada entre 1961 e 1990. Até o fechamento do relatório, em outubro, a quantidade de ciclones tropicais foi de 81, chegando próximo à média de 85 tempestades anuais, registrada entre 1981 e 2010.
Na região do Atlântico Norte, a temporada de furacões ficou acima da média pelo terceiro ano consecutivo, sendo que o fenômeno Sandy, que atingiu vários países, entre eles os Estados Unidos, foi a tempestade mais grave.
Ainda de acordo com o relatório, as altas temperaturas afetaram especialmente a América do Norte, Sul da Europa, regiões Oeste e Central da Rússia e o Noroeste da Ásia. Foram registrados cerca de 15 mil recordes de calor foram quebrados em diversas regiões dos EUA. O documento aponta também para a escassez de chuvas no México e no Brasil.
“A mudança climática está ocorrendo diante de nossos olhos e deve continuar como resultado das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, que têm aumentado constantemente”, acrescentou um comunicado divulgado pela OMM. (Fonte: Globo Natureza)