Principais responsáveis pela diminuição dos casos de malária na Amazônia, os inseticidas são aliados no combate ao Anopheles Darlingi, vetor da malária. Porém, no município de Coari, a 363km de Manaus, foi identificada uma resistência ao método por uma população do mosquito. Para entender a eficácia do inseticida Deltametrina no combate à doença no local, a mestre em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Millena Vilhena Naice, realizou um estudo que demonstrou que as ocorrências da doença aumentaram não pela ineficiência do inseticida, mas sim pelas condições climáticas do município.
Segundo a pesquisadora, ao longo dos dois anos de estudo foram coletadas amostras de Anopheles Darlingi para análise em Coari. Após a coleta, os mosquitos foram transportados para o Laboratório de Malária e Dengue da Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (CPCS/Inpa). “Fizemos testes para padronizar as concentrações do inseticida Deltametrina e, desde então, foram analisados e catalogados todos os resultados”, disse Millena.
Ainda de acordo com ela, no primeiro teste foi verificado que o tempo médio de mortalidade do mosquito foi em soluções letais de inseticida de 0,05% e 0,025% de concentração. A partir do segundo teste, as soluções letais de inseticida foram diluídas em água e ficaram em 0,0125%; 0,00625%; 0,009375% e 0,003125%. “Neste teste foi identificado qual a taxa de mortalidade para cada concentração para acharmos a dosagem ideal”, afirmou.
Já no terceiro teste foram utilizadas soluções letais de 0,025%, além da concentração de 0,003125% do segundo teste, e a concentração de 0,0015625% feita a partir da concentração de 0,003125%. “Verificamos assim quanto de inseticida é necessário para matar o mosquito contribuindo para o conhecimento da resposta do Anopheles Darlingi contra o Deltametrina”, contou.
Millena Naice explicou que existem quatro tipos de mecanismos de resistência dos mosquitos a inseticidas, dentre eles: aumento do metabolismo dos produtos não tóxicos; diminuição dos sítios alvo da sensibilidade; diminuição das taxas de penetração do inseticida; e aumento das taxas de excreção do inseticida. A pesquisadora relatou que no município de Coari devem ser considerados ainda o impato das alterações ambientais relativas à intensidade e sazonalidade das chuvas na Amazônia, fato que interfere na dinâmica de transmissão da malária. “No local tem ocorrido uma expansão populacional do vetor em decorrência de verões atípicos e períodos chuvosos na região”, completou. (Fonte: G1)