Caso, contrariando as análises científicas, o mundo seja atingido por uma catástrofe nesta sexta-feira (21), conforme acreditam algumas pessoas, baseadas numa profecia ligada ao calendário maia, pode ser possível repovoar o planeta com espécies que o habitam atualmente.
Dois projetos, que funcionam como modernas “arcas de Noé” têm o objetivo de salvar sementes de alimentos e dados genéticos de animais para o futuro. As iniciativas, é claro, não foram criadas por causa da profecia sobre o fim do mundo em 2012. Mas para quem está preocupado com a iminência do apocalipse, pode ser confortante saber que nem tudo estará perdido se ele vier, dependendo da extensão do suposto desastre.
Uma das iniciativas é o Frozen Ark (Arca Congelada, na tradução do inglês). Desenvolvido em 1996, seu objetivo é armazenar células de DNA de animais ameaçados ou não, como forma de proteger as espécies que existem atualmente no planeta. Com isso, os cientistas querem combater a extinção acelerada de animais causada pelo homem, devido a atividades como desmatamento, caça predatória e crescimento dos grandes centros urbanos.
Idealizado pela Faculdade de Biologia da Universidade Nottingham, no Reino Unido, o projeto já conta com o apoio de ao menos 15 instituições de várias partes do planeta, como China, Nova Zelândia e Estados Unidos.
Segundo os organizadores, atualmente já existem preservadas em laboratórios mais de 46 mil amostras de DNA de animais vertebrados e invertebrados. A partir do material armazenado, será possível ler o código genético do animal, reconstruir suas proteínas e outras moléculas, além de obter informações sobre sua história evolutiva.
Mas, o mais importante é que estas células congeladas, presentes em amostras de tecido, espermatozoides ou mesmo ovos, poderão ser usadas posteriormente para introduzir a variação genética conservada em animais criados em cativeiro.
Sementes no gelo – Outro projeto, que tem o objetivo de assegurar a alimentação no planeta é o Banco Internacional de Sementes de Svalbard, localizado numa pequena ilha da Noruega e que foi inaugurado em 2008. O “cofre alimentar ” foi instalado na região do Ártico com uma infraestrutura capaz de armazenar 4,5 milhões de amostras de sementes de todas as espécies cultivadas pelo homem.
Com apoio da FAO, braço da Organização das Nações Unidas para a Agricultura, o banco foi escavado em rochas geladas a 70 metros de profundidade e será mantido a uma temperatura de -18 ºC. Ao menos cem países já enviaram amostras de grãos, cereais e outros tipos de alimentos para conservação, inclusive o Brasil.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que preserva os recursos genéticos na forma de sementes resfriadas a – 20 ºC desde 1960, enviou no último mês de outubro amostras de arroz e milho, e em breve deve enviar amostras de feijão.
Segundo Marilia Burle, do setor de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), responsável pela curadoria das sementes congeladas no país, este tipo de preservação de sementes já é feito em vários países, mas a centralização das amostras é uma forma mais segura de evitar a perda de alimentos e combater a insegurança alimentar.
Ela afirma que vários direcionamentos obrigam a conservação das sementes, um deles é a mudança climática. “O que se fala é que o clima pode mudar e a temperatura da Terra poderá subir. Com isso há um risco de déficit hídrico e a pergunta que nos fazemos hoje é sobre qual cultura vai sobreviver a estas mudanças”, explica Burle ao G1.
Ela explica que por isso há necessidade se armazenar amostras de alimentos como, por exemplo, grãos de arroz cultivados em regiões quentes e já adaptados temperaturas altas. “Se armazenamos isto, estamos mais preparados para enfrentar a mudança climática na agricultura”, complementa. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)