Marinha retira quase 700 toneladas de destroços de antiga base na Antártica

A Marinha do Brasil divulgou na segunda-feira (4) que já foram recolhidas mais de 680 das 800 toneladas de destroços da Estação Antártica Comandante Ferraz, que funcionava no Polo Sul e foi destruída por um incêndio em fevereiro do ano passado.

Os destroços estão sendo colocados no navio Germânia, que fará o transporte até o Rio de Janeiro do que sobrou do antigo complexo científico e militar brasileiro. O material deverá ser reaproveitado, mas a Marinha não divulgou detalhes sobre o assunto.

Um vídeo feito pela Marinha mostra o processo de desmontagem da estação, que contou com a ajuda de tratores trazidos de navio do continente.

Segundo o contra-almirante Marcos Silva Rodrigues, secretario da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, ligada ao Ministério da Defesa, esse processo teve início em outubro do ano passado e deve terminar até o fim de fevereiro.

Antes de conseguir desmontar a antiga estação, quase 150 militares tiveram que remover 60 mil metros cúbicos de neve que encobriam os destroços. “A cada dia, temos recolhido mais partes”, explica o almirante.

O objetivo é limpar totalmente a área para que seja iniciada a construção de módulos emergenciais, que abrigarão temporariamente cientistas e militares envolvidos no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que está em sua 31ª edição.

Ao todo, 39 contêineres agrupados vão formar uma estação provisória com capacidade para abrigar 60 pessoas. Os materiais para a construção chegaram na segunda-feira (4) à Baía do Almirantado, trazidos pelo navio argentino San Blas.

A previsão é que o desembarque da carga seja iniciado ainda esta semana. “Queremos que os militares que permanecem na estação constantemente (cerca de 15) utilizem o módulo antártico emergencial durante o inverno, que começa em meados de março”, disse Silva Rodrigues.

Mais segurança contra incêndio – Os módulos antárticos emergenciais (MAE) serão construídos em uma região degradada da base, onde funcionava o heliponto, que será instalado em uma nova área.

De fabricação canadense, os módulos foram adquiridos por licitação emergencial e custaram R$ 14 milhões, montante que serviu para cobrir os produtos e a operação logística.

O novo abrigo foi montado na África do Sul e no Canadá, e depois unificado em Buenos Aires, na Argentina. De lá, foi trazido de caminhão até Punta Arenas, no Chile, onde embarcou no navio argentino.

De acordo com o contra-almirante Silva Rodrigues, os contêineres serão interligados para facilitar o acesso de pessoas a todas as áreas. O modelo, segundo ele, é parecido com o da estação antiga.

No entanto, a nova construção terá um sistema contra incêndio mais eficiente. “Os contêineres serão equipados com extintores de fácil manuseio. Se houver qualquer incidente, o material da construção também impedirá que o fogo se propague”, explica o militar.

A eletricidade do local será produzida com a ajuda de geradores movidos a diesel. Segundo a Marinha, um estudo de impacto ambiental emergencial foi feito pelo Ministério do Meio Ambiente antes de a construção ser autorizada.

Nova estação – Os MAEs poderão ser reaproveitados pelo governo brasileiro na Antártica após a construção do novo complexo, que substituirá a estação destruída.

No dia 28 de janeiro, a Marinha e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) divulgaram um edital de concurso público para escolher o melhor projeto de arquitetura destinado à construção de uma nova base militar e científica no Polo Sul. A decisão deve sair em março.

A reconstrução de fato está prevista para ocorrer entre o verão de 2013/2014. A nova base deve ter cerca de 3.300 m² de área construída e capacidade para abrigar até 65 pessoas por vez. O investimento será de R$ 100 milhões, verba que deve custear o prêmio ao escritório vencedor, o projeto e as despesas com o processo logístico. (Fonte: G1)