A tentativa de engravidar fêmeas de gato-do-mato por meio de transferência de embriões não deu certo. No dia 26 de janeiro a técnica foi aplicada, mas o óvulo da felina não foi fecundado, segundo os médicos veterinários da Associação Mata Ciliar, de Jundiaí (SP). Nesta terça-feira (12), Tigger e Ioiô, as duas exemplares de gato-do-mato que receberam os embriões, passaram por exames de ultrassonografia.
Além das fêmeas de gato-do-mato, outras quatro jaguatiricas passaram pelo processo de transferência de embriões, mas que não fecundaram. A coordenadora de fauna da ONG, Cristina Harumi Adania, explica que é difícil obter sucesso logo na primeira tentativa. “Nós não temos como prever de maneira certeira o período fértil da fêmea, o que dificulta o processo. Mas nós continuaremos tentando”, explica.
Em setembro, o médico veterinário do zoológico de Cincinnati, William Frederich Swanson – que trouxe as técnicas desenvolvidas por ele nos Estados Unidos -, volta à Mata Ciliar, quando o processo será repetido. “Nossa intenção é fazer a ‘barriga de aluguel’ em onça-pintada, que é uma espécie ainda mais ameaçada de extinção”, completa Cristina.
Conservação da espécie – A utilização de “barriga de aluguel”, inédita em felinos, servirá como base para pesquisas sobre a reprodução da espécie.
Segundo os cientistas, a partir dos dados observados, será possível a criação de técnicas que permitam a conservação da espécie. “Com a transferência de embriões, minimizamos os problemas do cativeiro, já que, com embriões congelados, menos animais precisariam ser mantidos nestas condições”, explica a coordenadora de fauna da ONG, Cristina Harumi Adania.
Adania também explica que a técnica ainda permite maior variação genética, já que os felinos deixam de se reproduzir entre parentes. Isso traz, entre outros benefícios, uma maior resistência a doenças.
Cristina comenta que, além dos estudos de biotecnologia, a luta contra a extinção de animais como o gato-do-mato pequeno, jaguatirica, gato-mourisco, onça-parda, onça-pintada e gato-maracajá – espécies de felinos selvagens que vivem na região – depende da educação e da proteção de habitats por meio de programas de reflorestamento.
“Os felinos são o topo da cadeia alimentar. Quando perdemos um, temos o descontrole da população. Isso pode causar um problema de saúde pública”, comenta o professor Paulo Anselmo Nunes Felipe, diretor do departamento de epidemiologia da Mata Ciliar. Segundo o professor, todos os pequenos felinos estão ameaçados de extinção. (Fonte: G1)