Sistemas alternativos podem viabilizar água em comunidades pequenas

A implantação de sistemas alternativos, diferentes de grandes redes de distribuição de água, tem sido a solução para levar o abastecimento a comunidades pequenas do Brasil, onde 33% da população ainda não têm acesso a água de qualidade, segundo pesquisa apresentada no 4º Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública.

Mais baratos do que os sistemas tradicionais, eles equilibram os custos necessários à operação de grandes redes de canos e tratamento em locais pouco habitados e distantes. O diretor do Departamento de Engenharia de Saúde Pública da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ruy Gomide, que tem como prioridade os municípios com até 50 mil habitantes, explica: “Esses sistemas alternativos são pensados principalmente para o saneamento rural, para que possam ser sustentáveis em comunidades pequenas”.

Além de simples, os sistemas podem ter uma operação fácil o suficiente para serem mantidos apenas pelos moradores da comunidade, que, depois de capacitados pelos técnicos, podem administrar sua própria água. “Mas a tecnologia tem que ser fácil de operar, porque se não ela não se mantém funcionando, e todas as doenças que existiam pela falta de saneamento voltam”.

A implantação de sistemas alternativos motivou a Funasa a publicar uma cartilha com a experiência do assentamento da reforma agrária de Sepetiaraju, comunidade localizada nos arredores de Ribeirão Preto, em São Paulo. Ali, os moradores aprenderam a construir cisternas para a captação de água da chuva e dispõem de um serviço individualizado de tratamento de esgoto, que aduba o solo e despolui os efluentes próximos.

Segundo Juliana Garrido, especialista do Banco Mundial ligada ao tema, o envolvimento das comunidades é fundamental para a eficiência do serviço: “Quanto mais você envolver a comunidade, mais ela se compromete com o bem que está sendo entregue e com o serviço que vai ser provido”. Apesar disso, ela defende que a operação dos sistemas alternativos requer a assistência de um especialista, o que economiza gastos com reformas e novas obras e aumenta a durabilidade do serviço.

Os municípios pequenos também impõem desafios à viabilização de sistemas de distribuição e tratamento de água. Uma das soluções apontadas por especialistas é a formação de consórcios entre cidades vizinhas, para dividir os custos. “Um exemplo muito positivo é o consórcio sediado em Maringá, que tem um centro de referência com laboratórios e faz o trabalho de análise de água”, destacou Gilson Queiroz, presidente da Funasa. (Fonte: Agência Brasil)