Um estudo publicado nesta segunda-feira (15) nos Estados Unidos alerta para um efeito direto que a mudança climática pode ter sobre espécies de animais que se camuflam. A pesquisa foi feita com a lebre-americana, uma espécie típica da América do Norte, que corre sérios riscos caso a temperatura global suba ao longo do próximo século.
A lebre-americana muda a cor de seus pelos de acordo com a estação para se camuflar. Durante o inverno, ela é branca, para que seus predadores não possam vê-la na neve. No verão, ela fica marrom, cor que a disfarça melhor na terra e entre as árvores.
A equipe de Scott Mills, da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, monitorou 148 lebres selvagens ao longo de três anos, e viu que o animal não tem nenhum controle sobre essa troca. Os pelos mudam de cor naturalmente de acordo com um padrão fixo, independentemente das condições do ambiente.
Com isso, caso passe a nevar menos – como preveem vários modelos científicos –, a lebre continuará tendo pelos brancos em boa parte do ano e ficará mais exposta aos predadores. Os especialistas aplicaram projeções climáticas já feitas anteriormente e concluíram que esta é uma ameaça real à espécie.
O número de dias em que as lebres vão passar em terrenos sem neve, mas com os pelos brancos, vai aumentar bastante. No fim do século, os animais poderão passar até 69 dias por ano com a camuflagem inadequada – um número oito vezes maior do que acontece atualmente.
Segundo os pesquisadores, existem pelo menos outras nove espécies que usam mecanismos de semelhantes de camuflagem e que também poderiam ser atingidas pela mudança climática neste sentido. O estudo foi publicado pela “PNAS”, revista da Academia Americana de Ciências. (Fonte: G1)