Denver Holt tem estudado a coruja de orelhas longas por 27 anos. Já identificou 1700 pássaros e encontrou 225 ninhos no estado americano de Montana. Mas ele nunca conseguiu ver o que os pássaros noturnos fazem em seu horário preferido do dia, até agora.
Uma câmera infravermelha e um microfone, instalados em um mastro, estão direcionados a um ninho de coruja, e pelo que vê, Holt acredita que o ninho contenha quatro ou cinco ovos.
O diretor do Owl Research Institute está ansioso para descobrir como as aves dividem os cuidados com as crias, como interagem com outras espécies e quantas sonecas elas tiram por noite.
“Não são muitos os animais que são tão admirados pelas pessoas. Temos pinguins, alguns ursos, baleias e as corujas,” afirmou.
A câmera 24 horas por dias começou a trabalhar na quinta-feira (11) e segundo Holt, é a primeira deste tipo a ser instalada no ambiente selvagem. É parte de uma iniciativa da Fundação Annenberg que vai disponibilizar as imagens em seu site.
As corujas de orelha longa podem ser encontradas por toda a América do Norte e Europa, mas por causa de seus hábitos noturnos e também pela falta de estudos em relação a estes animais, não se sabe bem o que acontece com suas populações.
Holt sabe que em algumas áreas, as aves estão desaparecendo por causa da perda de habitat, mas não há dados suficientes para comprovar esta hipótese.
Apesar do nome, as corujas de orelhas longas têm orelhas de tamanho normal. A fêmea normalmente pesa 340 gramas, e o macho, 280. Elas ocupam ninhos de pegas-rabudas, têm cores que as ajudam a se mesclar com seu ambiente e têm tufos de penas na cabeça que segundo Holt, ajudam a se camuflar.
Fazendeiros apreciam esta espécie de coruja porque seu alimento preferido são ratos silvestres. Por muitos anos, os pesquisadores coletaram suas “bolas de vômito” — pequenas pelotas que as corujas regurgitam depois de comer.
Com isso, já identificaram as presas das aves cerca de 35.000 vezes e mais de 95% das vezes eram de ratos silvestres. Dentro delas, é possível achar os pequenos crânios dos roedores e identificar outras espécies. Esse procedimento se tornou muito popular em aulas de ciência das escolas da região.
“Estas corujas são monogâmicas por temporadas, mas têm múltiplos parceiros ao longo de suas vidas,” explica o pesquisador. Se um dos pássaros vai voltar ao ninho no ano seguinte, será o macho. Se um filhote volta ao seu ninho, também será o macho.
Se os pesquisadores já sabem de tudo isso, o que a câmera pode descobrir?
O experimento atual servirá para analisar o comportamento da fêmea ao botar os ovos, a choca e o nascimento dos filhotes. Também serão analisados como os pais alimentam sua cria e cuidam até que o filhote esteja pronto para deixar o ninho. Normalmente, a mãe é a primeira a partir, e o pai termina de cuidar deles até o fim.
“Por causa de predadores, é vantajoso que os filhotes saiam do ninho o quanto antes”, diz Holt. Quando isso acontecer, a câmera será desligada. As corujas de orelha longa vivem entre cinco e dez anos. (Fonte: Portal iG)